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Coronavac mostra maior eficácia no mundo real do que em estudo. Por quê?

Experiência na Indonésia com profissionais da saúde indica que a Coronavac tem uma maior eficácia do que a apresentada nas pesquisas de pré-aprovação

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 18 Maio 2021, 13h00 - Publicado em 14 Maio 2021, 17h54
Ampola com vacina do coronavírus
A Coronavac demonstrou resultados muito positivos na Indonésia. (Foto: Hakan Nural/Unsplash/Divulgação)
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O governo da Indonésia fez um anúncio animador sobre a vacina Coronavac, a mesma que está sendo utilizada no Brasil contra a Covid-19. De acordo com o Ministério da Saúde do país, em um estudo realizado com 128 290 profissionais de saúde na capital Jacarta, o imunizante da Sinovac reduziu em 98% o risco de mortes e em 96% o de hospitalizações.

Além disso, a queda na probabilidade de desenvolver um caso leve chegou a 94%. São números consideravelmente mais elevados do que os encontrados na fase 3 dos ensaios clínicos. Por exemplo: na pesquisa conduzida pelo Instituto Butantan aqui no Brasil, a eficácia global foi de 50,4%.

Mas o que explica tamanha diferença? De acordo com o microbiologista Luiz Gustavo de Almeida, do Instituto Questão de Ciência (IQC), um ponto importante envolve as peculiaridades do experimento brasileiro.

Na nossa investigação, 14 sintomas foram considerados para determinar possíveis infecções por coronavírus. Ou seja, qualquer participante que apresentasse um ou mais desses sinais era obrigado a fazer exames para diagnosticar a doença — e todos eram acompanhados de perto.

“Devido a esse rigor, mesmos casos leves da Covid-19 em pessoas vacinadas eram detectados. Por isso, a eficácia global de pouco mais de 50%”, relata Almeida.

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Já quando a imunização é feita em condições normais, sem todo o controle que um ensaio clínico demanda, sinais mais sutis tendem a passar batidos, ou não serem reportados.

“Por isso, o que se costuma analisar no mundo real é o número de casos graves, hospitalizações e mortes em decorrência da Covid-19 entre vacinados e não vacinados”, arremata o microbiologista.

Outro ponto levantado pelo especialista é que o estudo do Butantan se concentrou em profissionais de hospitais que recebem diariamente pessoas infectadas com o coronavírus. É um ambiente de extremo risco de contágio.

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Apesar de a pesquisa da Indonésia também ter sido feita com trabalhadores da saúde, ainda não sabemos a condição exata dos lugares em que eles atuam, uma vez que o artigo não foi publicado. Isso, aliás, cobra uma dose de cautela antes de tirar quaisquer conclusões.

“No mundo real, o risco certamente é menor quando comparado com o primeiro cenário. Hoje, por exemplo, sabemos que a carga viral à qual o indivíduo é exposto também interfere no agravamento do quadro”, complementa Almeida.

Em entrevista ao portal de notícias Bloomberg, nos Estados Unidos, o diretor executivo da Sinovac, Yin Weidong, acrescentou que há a possibilidade de a eficácia do imunizante ser afetada pelas variantes do Sars-CoV-2 presentes em cada país. Ou seja, os dados da Indonésia não necessariamente serão iguais aos do Brasil.

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Almeida pontua que, considerando os desfechos específicos de doença grave e mortes, os resultados não são tão diferentes entre o mundo real e o laboratório. A análise brasileira constatou 100% de prevenção de falecimentos, enquanto o indonésio chegou à taxa de 98%. “Por causa do baixo número de óbitos na pesquisa do Butantan, o resultado não é estatisticamente significativo, mas apresenta uma tendência alta de prevenção de mortes”, informa Almeida.

A notícia vinda da Indonésia é, portanto, outro indicativo do potencial da Coronavac. Mas, para comemorarmos uma boa efetividade no mundo real, o mais importante é não deixar de se imunizar.

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