Pergunte para uma pessoa sobre os sintomas da doença de Parkinson e ela provavelmente se concentrará nos tremores. Mas esse problema vai além disso, afetando de olhos a intestino. Então quais são seus principais sinais e o que causa tudo isso?
A origem do Parkinson e dos tremores
O epicentro: o problema tem origem em uma área do cérebro chamada substância negra. Os neurônios ali começam a morrer ou deixam de funcionar adequadamente. Isso leva à diminuição da produção de dopamina, um neurotransmissor envolvido, entre outras coisas, nos processos motores.
Curto-circuito: a falta de dopamina faz com que os sinais elétricos não sejam transmitidos direito de uma célula nervosa para outra. Daí os neurônios de outra região da massa cinzenta passam a disparar estímulos indesejados.
Efeito periférico: esses estímulos chegam até os músculos de forma desordenada, gerando tremores principalmente na cabeça e nos membros superiores. A movimentação das mãos fica parecida com a de alguém contando dinheiro.
Outros sintomas e repercussões do Parkinson pelo corpo
Olhos: a capacidade de movimentação dos globos oculares pode ser afetada, levando à visão dupla de perto.
Nariz: a perda de olfato tende a manifestar-se antes mesmo do surgimento dos tremores. Sinal de neurônios em colapso.
Braços: a rigidez muscular atinge a região das articulações, podendo acometer cotovelo, ombro, punhos…
Intestino: ele fica preguiçoso. A constipação costuma aparecer anos antes de a doença ser diagnosticada e se agrava com o tempo.
Pernas: a rigidez e a perda de reflexos influenciam a marcha. Os passos ficam mais curtos e há perda do equilíbrio.
Da causa ao tratamento
A origem: embora tenha um componente genético, a causa não está bem estabelecida. Poluição, agrotóxicos e dieta rica em carne vermelha já foram acusados.
As fases: são três. Leve, quando é possível realizar todas as tarefas; intermediária, com dificuldades para abotoar a roupa ou caminhar; avançada, com um grau maior de dependência. E atenção: nem todo tremor é Parkinson. O movimento pode ser causado por alterações hormonais, uso de remédios e até estresse.
Diagnóstico: é clínico, feito durante a consulta médica. Alguns exames, como ressonância magnética do crânio, podem identificar sinais específicos da doença.
Medicamentos: eles atuam basicamente repondo a dopamina e são o principal tratamento para conter os sintomas do problema. Ainda não há cura.
Cirurgia: quando o paciente não responde aos remédios, podem ser implantados eletrodos em determinadas áreas do cérebro para reduzir os tremores.
FONTES: Marcus Vinicius Della Coletta, coordenador do Departamento Científico de Transtornos do Movimento da Academia Brasileira de Neurologia; Mônica Haddad, neurologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo; Murilo Marinho, neurocirurgião do Hospital Moriah, em São Paulo