Essa não é a primeira vez que se fabrica sangue em laboratório. Ora, células-tronco já foram induzidas a formar glóbulos vermelhos, também chamados de hemácias. O problema: cada unidade origina, em média, 50 mil hemácias antes de morrer — quantidade ínfima para uma transfusão. Mas agora pesquisadores da Universidade de Bristol, na Inglaterra, revelaram um procedimento muito mais proveitoso.
A novidade consiste em manter a célula produtora de sangue em um estágio inicial (quando se chama eritroblasto). Dito de um modo simplista, os experts imortalizaram usinas celulares para que se mantenham ativas indefinidamente.
Além da possibilidade de produção em massa, Jan Frayne, que participou da descoberta, aponta outro benefício: “Os glóbulos vermelhos cultivados têm vantagem sobre o sangue do doador, como uma redução no risco de transmissão de doenças infecciosas”. Cabe esperar para ver se, na prática, o uso do líquido vermelho artificial acontecerá sem percalços.
Em países como o Brasil, onde apenas 1,9% da população é doadora, a técnica pode ser extremamente útil. Porém, um empecilho para a implementação é o alto custo. Por isso, pelo menos no começo, os especialistas explicam que o procedimento deve ser empregado em pacientes com tipos de sangue raros e escassos nos bancos de coleta.
Outra limitação envolve a produção em si. Embora o método tenha sido definido, é necessário desenvolver equipamentos e outras tecnologias para utilizá-lo em larga escala. Barreiras que, com o tempo, devem ser suplantadas. Aguardemos!