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Chá de embaúba: o que a ciência já sabe sobre ele?

Nativa da Mata Atlântica, embaúba parece ser cheia de benefícios, mas ainda precisa ganhar mais respaldo científico

Por Valentina Bressan
19 Maio 2025, 16h01
embaúba
Árvore é conhecida desde o século 16, quando já era usada pelos indígenas e descrita em relatos de viajantes (Franz Xaver/CC BY-SA 3.0/Wikimedia Commons)
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Também chamada de embaúva ou imbaúba, esta árvore é uma antiga conhecida em solo brasileiro. Desde o século 16, exploradores que chegavam aqui descreviam a embaúba, com seu tronco esbranquiçado e grande estatura.

Chegando a 15 metros de altura, as embaúbas são encontradas na Mata Atlântica, no litoral e nas serras brasileiras. Sua serventia vai do tronco aos frutos. A madeira era usada pelos povos indígenas para construir jangadas. Dá para extrair celulose da árvore, que funciona ainda como importante componente ecológico ao cicatrizar áreas degradadas.

Como a embaúba cresce rápido, ela abre caminho para mais espécies se fixarem na mata, ao depositar matéria orgânica e atrair umidade. Aliás, ela não é importante só para a flora. A fauna também se aproveita da espécie: o bicho-preguiça é um famoso frequentador de seus galhos, onde consome folhas e frutos. É por isso que um dos apelidos do vegetal é árvore-da-preguiça.

Saguis, formigas, morcegos e aves fazem parte do grupo atraído pela planta. Esses bichos ainda ajudam a espalhar as sementes e ampliar o ciclo de vida das embaúbas em um determinado local.

Já nós, humanos, utilizamos a embaúba tradicionalmente como fitoterápico. Suas folhas são ingredientes de chás com supostos potenciais anti-hipertensivo, diurético e expectorante.

Descubra o que realmente existe de ciência por trás dos benefícios do chá de embaúba.

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+Leia também: Fitoterapia: até que ponto ela pode ajudar?

Embaúba sob o olhar da ciência

São várias as promessas relacionadas ao chá de embaúba: ele ajudaria no controle da diabetes e da pressão alta, combateria problemas respiratórios e até protegeria os rins.

Por diversos países da América do Sul, a medicina tradicional popular usa a casca e as folhas da árvore também para tratar asma, bronquite e tosse. Alguns desses benefícios até já foram confirmados pela ciência, mas, em geral, somente em estudos de laboratório ou com ratos. Por enquanto, existem poucas evidências científicas robustas do uso do chá em humanos.

A análise da atividade hipotensiva – capaz de baixar a pressão arterial – da embaúba apresentou conclusões controversas em estudos.

Algumas pesquisas, realizadas em ratos, demonstraram que a pressão dos bichos baixou ao usar um extrato da planta. Só houve um estudo em humanos que indicou a mesma coisa. Mas há outras investigações que chegaram a resultados contrários: os componentes da embaúba não alteraram a pressão sanguínea nestes testes. 

Em ratos, já há registros da ação hipoglicêmica, antioxidante e anti-inflamatória da embaúba. Isso se deve principalmente a alguns compostos da árvore: os flavonoides, os terpenoides e saponinas.

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Também há indícios de que algumas substâncias presentes na embaúba sirvam como bons cicatrizantes, ajudando a reduzir o inchaço e a inflamação. É comprovado que, em animais, o extrato das folhas tem um efeito diurético.

Cuidados e futuras descobertas

Apesar da pesquisa sobre a embaúba ser promissora, muitos dos benefícios relatados em artigos científicos são verficados em extratos da árvore. Essas substâncias são bem mais concentradas do que um chá das folhas, o que significa que dificilmente você vai obter esses efeitos consumindo a infusão.

Outro problema é confundir a espécie na hora de coletar ou comprar as folhas. A embaúba mais conhecida no Brasil é a Cecropia pachystachya. Mas há mais de cem espécies desse mesmo gênero vegetal, o que pode gerar confusão.

Só no sul e no sudentes, existem outras duas embaúbas bem difundidas: a Cecropia glaziovii e a Cecropia hololeuca (essa última é chamada de embaúba-prateada). Embora elas tenham diferenças na aparência, também têm semelhanças, então é fácil confundi-las.

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Ainda há várias lacunas no conhecimento sobre essa espécie. A toxicidade da planta – ou seja, qual o limite de consumo seguro – é uma das informações que precisa ser confirmada.

Há várias pistas de outros usos possíveis da planta: isolados, alguns compostos combatem a malária; em modelos pré-clínicos, as substâncias da embaúba tiveram efeitos neuroprotetores; e alguns flavonoides tem propriedades que podem clarear a pele.

Mas tudo isso precisa ser atestado pela ciência para que a planta realmente seja usada e comercializada com esses propósitos. Por enquanto, não há nenhum fitoterápico a base de embaúba aprovado pela Agência Nacional de Vigilâcia Sanitária (Anvisa).

Precauções para consumir a embaúba

A receita para o chá inclui de 1 a 2 folhas secas para cada meio litro de água. A mistura deve ferver por 10 minutos. Quando resfriada, dá para beber de 1 a 3 xícaras de chá por dia.

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Mas consuma avisado de que não há comprovação de que você vai obter essa variedade de benefícios. Tome cuidado para não exagerar na dose e sempre consulte um médico antes de incluir um novo chána dieta.

O fruto da embaúba é comestível, mas tome cuidado: só dá para consumi-lo bem maduro e higienizado. É doce e ácido, e serve para fazer geleias, sucos e licores.

 

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