A bactéria Helicobacter pylori é mais comum do que se imagina: estima-se que em torno de 50 a 60% da população mundial tenha esse bichinho vivendo dentro do estômago. Ele entra no corpo por meio de alimentos contaminados e, em alguns casos, pode contribuir para o desenvolvimento de câncer nessa região.
Até agora, os estudos mostravam que esse ser microscópico era um dos causadores do linfoma gástrico, um tipo de tumor mais raro. Porém, uma pesquisa do Centro Nacional de Câncer da Coreia do Sul publicada no The New England Journal of Medicine aponta que ele também teria um papel no adenocarcinoma, outra encrenca que atinge as paredes do estômago e afeta muito mais gente.
Contra-ataque farmacêutico
O trabalho coreano ainda mostrou que tratar essa bactéria no estágio inicial de câncer está relacionado a um melhor prognóstico. Para chegar a essa conclusão, os experts recrutaram 470 voluntários com a doença bem no comecinho. Eles foram divididos em dois grupos: o primeiro tomou antibióticos para matar a tal da H. pylori e o segundo recebeu apenas um comprimido sem nenhum efeito terapêutico evidente.
Após algum tempo, 14% dos indivíduos da segunda turma apresentaram uma evolução do tumor para uma etapa mais séria, ante 7% daqueles que haviam recebido o remédio de verdade. “Isso nos mostra que todo paciente com o adenocarcinoma gástrico deve receber, junto com a quimioterapia ou uma cirurgia, fármacos para tratar a infecção bacteriana”, comenta o gastrocirurgião Marcos Belotto, do Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista.
Para descobrir se o micro-organismo tomou conta do estômago, é possível fazer três testes diferentes, incluindo a endoscopia, o exame de sangue e uma avaliação respiratória. O médico só vai pedi-los se existir alguma queixa digestiva importante e de longo prazo, como dor de barriga, má digestão e queimação.