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Butanvac e Versamune: diferenças entre as vacinas brasileiras da Covid-19

Tecnologia usada, número de doses, andamento dos estudos… O que já sabemos sobre as duas vacinas brasileiras contra o coronavírus

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 5 Maio 2021, 16h02 - Publicado em 1 abr 2021, 15h48

Recentemente, fabricantes de duas vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas no Brasil pediram a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para começarem estudos com seres humanos. Estamos falando da Butanvac, produzida pelo Instituto Butantan, e da Versamune, desenvolvida pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).

A epidemiologista Denise Garrett, vice-diretora do Sabin Vaccine Institute, nos Estados Unidos, comemorou a notícia — tanto pela expectativa de ganharmos mais armas contra a pandemia quanto pela demonstração de força da ciência brasileira.

Caso elas sejam aprovadas após todas as fases de testes, o país dependerá menos da importação de doses prontas ou de insumos para a fabricação de vacinas, o que aceleraria e baratearia todo o processo. “A autonomia na produção dos imunizantes é essencial”, comenta Denise.

Então é hora de conhecer mais sobre a Butanvac e a Versamune.

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A tecnologia

A Butanvac utiliza o vírus da doença de Newcastle, uma enfermidade que afeta apenas aves, como um vetor. Ou seja, ele é inativado e alterado para abrigar a proteína Spike do Sars-CoV-2 — aquela usada para invadir nossas células. Após a injeção, o organismo fabricaria anticorpos contra essa estrutura, impedindo uma infecção de verdade.

A estratégia é parecida com a das vacinas de Oxford e Janssen, embora essas recorram a outros vetores virais. Uma diferença é que a fórmula do Butantan se desenvolve em ovos embrionados, assim como a da gripe. É uma técnica já dominada pela entidade paulista, o que ajuda muito a ganhar escala na produção.

Apesar de ter sido lançada como 100% brasileira, parte da tecnologia da Butanvac pertence ao Instituto Mount Sinai, nos Estados Unidos. Ela foi cedida através de um consórcio entre as instituições.

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Em comunicado oficial, o Butantan confirma a informação, mas acrescenta que diversos outros processos necessários para o desenvolvimento do produto foram feitos por aqui O instituto ficou encarregado por “ovos embrionados, inoculação, crescimento viral, processamento e purificação viral, inativação, formulação, qualificação, controle de qualidade, produção em escala, envase, rotulagem, registro sanitário”.

Já a Versamune, criada em conjunto com a startup brasileira Farmacore e o laboratório americano PDS Biotechnology, contém a réplica de um pedacinho específico daquela mesma proteína Spike do Sars-CoV-2. Essa subunidade, chamada de S1, é acoplada a outra nanopartícula, que serve para carregá-la pelo organismo. Aí nosso sistema imunológico geraria anticorpos contra esse pedaço do coronavírus, o que bloquearia sua instalação.

Conforme adiantamos em agosto de 2020, quando a Versamune estava passando por testes em animais, essa nanopartícula também induz a ação dos linfócitos T, células de defesa que ajudam a combater agentes infecciosos.

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Assim, mesmo que a proteína S1 não produza a resposta esperada em certas pessoas, os linfócitos ativados neutralizariam a proliferação do Sars-CoV-2.

Como funcionarão as pesquisas

Ambas estão aguardando a liberação da Anvisa para iniciar os testes clínicos de fase 1 e 2, que irão determinar a segurança dos imunizantes e se eles são capazes de desencadear a resposta imune esperada em seres humanos.

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Nessas etapas, a Versamune será administrada em 360 voluntários. O Instituto Butantan ainda não divulgou essa informação.

Se os resultados forem bons, as vacinas avançam para a fase 3, em que bem mais voluntários recebem as doses (ou um placebo) e, aí, os cientistas verificam se elas de fato evitam a Covid-19, além de detectar possíveis reações adversas.

As vacinas serão aplicadas em quantas doses

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A Butanvac será testada com apenas uma aplicação. Já a Versamune é administrada em duas doses, com um intervalo de 21 dias entre elas.

Quando a vacinação deve começar

Em entrevista coletiva, o governo de São Paulo anunciou que espera começar a imunização em massa com a Butanvac a partir de julho de 2021, já com 40 milhões de doses.

Isso significa que os estágios 1, 2 e 3 dos estudos clínicos teriam que ser concluídos em até três meses — com toda a documentação sendo analisada e aprovada pela Anvisa. É um prazo bastante apertado, considerando o tempo gasto pelos outros fabricantes.

Denise acredita que houve um otimismo irreal na divulgação desse calendário, o que pode culminar uma falsa esperança. “Os cronogramas liberados não são factíveis”, critica.

A previsão dos criadores da Versamune parece mais realista. A ideia é finalizar as fases 1 e 2 até agosto, seguir com a fase 3 até novembro e, caso a Anvisa dê o sinal verde, iniciar a aplicação na população no início de 2022.

Os imunizantes brasileiros são a solução para o fim da pandemia?

Ainda que os prazos sejam cumpridos e ambas demonstrem boa eficácia e segurança, teremos meses pela frente sem elas. “Não podemos tirar o foco do que devemos fazer em curto prazo, que é salvar o maior número de vidas no presente”, recomenda Denise.

E isso passa por vacinar mais rapidamente a população hoje, com os imunizantes já disponíveis. “Temos que acelerar o ritmo. As novas infecções só cairão quando uma porcentagem maior da população estiver imunizada”, conclui. Também é necessário continuar aderindo ao distanciamento social, uso de máscara e higienização das mãos.

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