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As terapias alternativas no tribunal da ciência

Edição de março de VEJA SAÚDE investiga tratamentos alternativos, as evidências científicas a respeito e seus potenciais riscos à saúde

Por Diogo Sponchiato
Atualizado em 18 mar 2022, 14h17 - Publicado em 18 mar 2022, 14h17
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  • Antes de mais nada, três avisos. Primeiro: qualquer cidadão, de posse de seu juízo e autonomia, tem o direito de cuidar da saúde da forma que achar melhor. Segundo: cada um tem a liberdade de acreditar e confiar no que bem entender, sobretudo num momento de aflição. Terceiro: esta publicação nunca esteve a serviço de uma classe, entidade ou indústria; quem ajuda a pagar as contas é o leitor, e é para você que trabalhamos.

    Dado o mural de recados, vamos aos fatos. Tristes episódios recentes escancaram a necessidade de debater essa legião de chás, cápsulas, curas milagrosas e outras tantas terapias reunidas sob o guarda-chuva de “medicina alternativa”. Muito do que está dentro desse baú não só não tem provas de que funcione como pode colocar a vida em risco.

    Vira e mexe ouço o argumento de que a medicina convencional e as farmacêuticas estão lucrando ao priorizar medicamentos e procedimentos ou ao esconder a cura de doenças. Nem vou gastar tinta nessa discussão, só lembrar que a indústria dos tratamentos alternativos fatura bilhões pelo mundo com “soluções” pouco ou nada estudadas.

    O pacote engloba de cápsulas com ervas supostamente emagrecedoras compradas pela internet (e capazes de levar órgãos à falência) a cirurgias pela força do pensamento (que podem atrasar diagnósticos e tratamentos consagrados). Tem gente que até receita ou aplica essas coisas de boa-fé, só que se encontra mal (in)formada.

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    Mas tem muito charlatão também. Fiquei sabendo de uma história bizarra: uma “terapeuta” leu pela “energia” do paciente que ele poderá ter um tumor no pâncreas e, por isso, deve tomar uma cacetada de vitaminas, vendidas exclusivamente em um estabelecimento indicado pela “terapeuta”. Desculpa, isso não é só mentira, é crime!

    Temos, sim, que respeitar sabedorias e propostas ancestrais, mas só dá pra partir com confiança para o tratamento A ou B se ele for testado e aprovado pela ciência. Isso não vale só para terapias alternativas. Vale para um comprimido contra dor de cabeça, uma vacina para Covid-19 e para uma técnica de edição genética.

    A ciência é a juíza! E por isso VEJA SAÚDE faz tanta questão de se basear nela. Sem o crivo da excelentíssima — que também está sujeita a limitações e revê suas sentenças de tempos em tempos —, não dá para sustentar a segurança e a eficácia de um chá ou de uma cirurgia robótica.

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    Recomendo, assim, a leitura da reportagem de capa da jornalista Chloé Pinheiro para entender melhor esse mundo e submundo terapêutico, e inclusive descobrir como profissionais sérios tentam harmonizar métodos fora do mainstream (estudados!) com a medicina convencional. Você também tem o direito de se informar — e ouvir a ciência — para se cuidar.

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