Aprender a se cuidar na era da técnica
Edição de dezembro de VEJA SAÚDE aponta as principais tendências da medicina. Elas já começam a mexer com as nossas vidas
Ainda em clima de Copa do Mundo, me concedo o passe livre de começar nossa conversa pelo VAR, o recurso de árbitro de vídeo que dá mais precisão às marcações do juiz e busca evitar ou reverter erros e injustiças em campo.
Muito torcedor e comentarista critica a tecnologia, mas é inegável que sua missão é nobre — e sua acurácia, superior ao olho humano. Se tem um problema nessa história é o uso que fazemos da máquina e, como em tudo nessa vida cada vez mais digital, qualquer inovação escala uma curva de aprendizado.
Isso vale para os aplicativos que, naturalizados em nossa rotina, nos permitem pedir comida ou transporte, para os sistemas de segurança dos automóveis, para as redes sociais (bem, convenhamos que aqui o aprendizado anda difícil).
E, com os desafios que lhe são peculiares, se aplica ao ecossistema da saúde. Eis um setor em profunda transformação, um movimento impulsionado pela pandemia que está redefinindo o jeito de se cuidar e ser cuidado.
Já fez uma consulta via telemedicina? Seus dados estão agrupados numa plataforma acessada pelo celular? Realizou um teste genético ou foi submetido a uma cirurgia robótica? Esses não são mais sonhos de ficção científica.
São uma realidade. Realidade que começa a comportar até médicos e pacientes no metaverso, o mundo da realidade virtual. Às vezes é tanta mudança que até assusta, mas, em saúde, quando a coisa é devidamente estudada e testada, o saldo tende a ser positivo.
Para o paciente, que terá uma assistência mais qualificada e baseada em dados objetivos — sem perder o acolhimento. E para o sistema, que tem recursos finitos (e limitados) e precisa ser cirúrgico na hora de alocá-los.
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Então por que não contar com o apoio da inteligência artificial? E de máquinas e programas que reduzem falhas humanas — nem preciso citar o ditado — e ampliam a rapidez, a precisão e a eficácia de diagnósticos e tratamentos?
O futuro já começou, e não se sustenta só em tecnologias. Baseia-se numa mudança de paradigma que busca acompanhar melhor os pacientes, personalizar seu atendimento sem desumanizá-lo e prevenir desfechos negativos, antecipando-se ao surgimento dos problemas e promovendo a tão falada qualidade de vida.
E é isso que você vai ler na reportagem de capa desta edição, conduzida pelo time da Fronteira Agência de Jornalismo sob a batuta dos gaúchos Maurício Brum e Sílvia Lisboa.
A tecnologia não acabará com o trabalho de médicos e enfermeiros, nem joga de um lado ou do outro. É tão somente uma ferramenta. Usada com ciência, ética e responsabilidade, ajuda a transformar a jornada de pessoas que, como eu e você, vira e mexe estão no celular, mas sabem que a vida e a saúde vão muito além dele.