Anvisa aprova 1º medicamento oral para câncer de pulmão em estágio inicial
Fármaco tem o alectinibe como princípio ativo e reduz em até 76% a chance de recorrência ou morte após a cirurgia para eliminar o tumor
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no começo da semana um novo medicamento para câncer de pulmão em estágios iniciais. Trata-se do Alecensa, que tem o cloridrato de alectinibe como princípio ativo. Comercializado em cápsulas, ele já era usado para casos avançados.
O remédio é indicado para câncer de pulmão de células não pequenas (ou CPCNP) ALK-positivo. Essa variação da doença é caracterizada por uma mutação genética que afeta pessoas mais jovens, abaixo dos 55 anos, e sem histórico de tabagismo pesado ou mesmo que nunca fumaram.
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Como funciona o medicamento?
O medicamento é um inibidor de ALK, que atua interrompendo a multiplicação de células cancerígenas nesse tipo de tumor. O ALK é uma enzima potencialmente oncogênica que entra em cena quando há uma mutação no gene de mesmo nome.
Um estudo publicado no primeiro semestre, que acompanhou 257 pacientes em 27 países, mostrou uma redução de 76% no risco de recorrência ou morte em pacientes com CPCNP ALK-positivo em estágio inicial após fazer uso do remédio com alectinibe.
O fármaco é uma terapia-alvo com indicação para pessoas que já realizaram a cirurgia para remoção do tumor. A recidiva ou recorrência da doença é um grande desafio que o Alecensa ajuda a enfrentar, pois, mesmo com cirurgia e quimioterapia tradicionais, é comum que os pacientes acabem tendo diagnosticada a volta do câncer, por vezes já em metástase.
Câncer de células não pequenas é o mais comum
Segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pulmão é o quinto tumor maligno de maior incidência no país, correspondendo a cerca de 4,6% dos novos diagnósticos a cada ano. No triênio 2023-2025, a expectativa é de mais de 32 mil novos casos da doença no país.
Difícil de ser diagnosticado em estágios iniciais, o câncer de pulmão tem forte relação com o uso de cigarro, mas mesmo pessoas sem histórico de tabagismo podem sofrer com a doença – tanto como fumantes passivos quanto por fatores genéticos sem influência clara de hábitos ou ambiente.
A maioria (85%) dos tumores malignos nesse órgão são do tipo de células não pequenas, mas a variação ALK-positivo é mais rara, aparecendo em cerca de 5% desses diagnósticos.