Câncer de pulmão: novo tratamento é aprovado para casos avançados
Em testes clínicos, medicamento foi capaz de controlar a doença em 70% dos casos estudados
Um novo tratamento contra o câncer de pulmão foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) neste mês e deve estar disponível aos pacientes no primeiro semestre de 2025.
O tarlatamabe é uma imunoterapia voltada para indivíduos com câncer de pulmão de pequenas células em estágio metastático — quando a doença já está avançada e há tumores espalhados por outras regiões do corpo — ou que não responderam a quimioterápicos.
Os casos de câncer de pulmão de pequenas células correspondem a cerca de 15% de todas as neoplasias no órgão. Pessoas acometidas pela doença são, em sua maioria, dependentes de tabaco.
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Em um primeiro momento, elas respondem bem à químio, mas, com o passar do tempo, os tumores passam resistir às terapias e progridem. Daí a importância de novas opções de tratamento.
“A quimioterapia, em geral, é a primeira opção, mas, por se tratarem de tumores recalcitrantes — ou seja, difíceis de serem eliminados — são necessárias novas drogas que ajudem a controlar os quadros“, afirma Fernando Santini, médico do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).
Como funciona
Desenvolvido pela Amgen, o tarlatamabe é um anticorpo biespecífico, isto é, um tipo de imunoterapia que combate ao câncer ao atingir dois alvos simultaneamente.
“Ele se liga a um marcador tumoral presente na superfície do célula cancerosa, chamado DLL3, ao mesmo tempo que recruta linfócitos T, células do sistema imunológico que vão destruir as de câncer”, explica o oncologista.
O medicamento é administrado por infusões intravenosas quinzenais e por tempo indeterminado, enquanto estiver controlando o caso. Não há perspectiva de cura em casos de câncer metastático.
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Em estudo clínico com 220 voluntários, o medicamento conseguiu controlar a progressão da doença em 70% dos participantes. Além disso, 40% dos casos tiveram uma resposta objetiva ao tratamento, ou seja, apresentaram uma redução expressiva do tamanho dos tumores.
“Não só um grande percentual conseguiu essa importante diminuição, como também a redução foi duradora em grande parte dos pacientes, e isso é inédito no tratamento do câncer de pulmão de pequenas células”, avalia Santini.
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Os voluntários ficaram, em média, 4,3 meses sem observar a doença progredir e a taxa de sobrevivência geral foi de 15,2 meses. Com o tratamento, 56% dos indivíduos analisados chegaram a sobreviver à doença por um ano.
Apenas 3% deles tiveram que descontinuar o tratamento por efeitos adversos relacionados à terapia.
Os resultados foram publicados no renomado periódico The New England of Medicine e novidades foram apresentadas também durante a Conferência Mundial sobre Câncer de Pulmão, realizada em setembro em San Diego, nos Estados Unidos.