PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Continua após publicidade

Angina: como calar a dor no peito

Essa condição dedura um coração em sofrimento e aflige 23 milhões de pessoas no país. Mas há uma solução de ponta para silenciar sua pior versão

Por Regina Célia Pereira
Atualizado em 24 jan 2018, 10h55 - Publicado em 26 jul 2016, 12h44
colesterol
Os índices de colesterol estão mais rígidos (Ilustração: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

A origem do termo angina já diz tudo. “Na expressão do latim angina pectoris, as duas palavras designam dor e sufoco. O termo angústia, aliás, tem o mesmo berço e era aplicado ao caminho apertado entre um desfiladeiro de montanhas”, ensina o etimologista Deonísio da Silva, professor da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro.

Exceto pelo tom poético, a explicação cabe perfeitamente nos prontuários de pessoas com angina. Veja o que diz o cardiologista Luís Henrique Gowdak, do Instituto do Coração, o InCor, em São Paulo: “O desconforto é descrito como opressão, sensação de estrangulamento na região do tórax ou ainda de peso e ardor”.

Apesar de estarmos bem distantes das cordilheiras citadas pelo mestre Deonísio, perceba que o mal tem tudo a ver com passagens estreitas. No caso, é o sangue que trafega por vias afuniladas e tortuosas. Isso porque, por trás da dor no peito, há uma obstrução nas artérias que levam sangue para o coração – o mesmíssimo processo que pode culminar em um infarto. Embora menos comuns, outras situações também conspiram a favor dessa sensação aflitiva, como distúrbios que afetam o trabalho das válvulas cardíacas e, por atrapalhar seu abre e fecha, boicotam o acesso do sangue à região.

O resultado é sempre dolorido. “O incômodo desponta porque a oferta de oxigênio não supre a demanda cardiovascular”, explica o médico Celso Amodeo, da Sociedade Brasileira de Cardiologia. É o que os especialistas chamam de isquemia. A angina dita estável geralmente dá as caras durante esforços físicos ou estresses intensos e desaparece com a calmaria. Já o tipo classificado instável irrompe até mesmo no repouso e é considerado mais perigoso. O temor é que a interrupção do fluxo sanguíneo resulte na morte de células do coração se não for contida a tempo.

Outra versão do problema preocupa em particular por não responder aos tratamentos atuais e ser altamente limitante – chega às vezes a impedir o sujeito de dar até uma caminhada leve. É a angina refratária. Ainda bem que ela é alvo de uma intervenção pioneira em solo brasileiro. Os resultados animadores desse trabalho coordenado por Gowdak no InCor levaram sua equipe a ser destaque do Prêmio SAÚDE 2015.

Continua após a publicidade

Estima-se que entre 380 mil e 1,1 milhão de brasileiros convivam com a angina refratária. São pessoas que despertam no meio da noite por causa de uma sensação insuportável no peito. Além de ser incapacitante, o mal repele as abordagens médicas tradicionais. “É que as múltiplas obstruções dificultam a angioplastia ou a cirurgia de ponte de safena”, conta Gowdak. Daí a criação, no InCor, do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Angina Refratária (Nepar), onde foi desenvolvida uma estratégia de ponta para calar a encrenca – ela inclui uso de células-tronco, ondas de baixa potência e até raios laser.

Os pacientes também são convidados a participar de um programa de exercícios físicos supervisionado. “Com isso, observamos um aumento da tolerância ao esforço, com maior capacidade para a prática da atividade até surgir a dor”, revela a educadora física Camila Jordão.

Dar um chega pra lá no sedentarismo, aliás, é uma medida bem-vinda para afastar todos os tipos de angina. Como não custa lembrar, a inatividade abre brechas para o coração literalmente perder o fôlego. O conselho de adotar um estilo de vida saudável é batido, mas ainda insuperável para evitar as aflições do peito. “Também é importante controlar o estresse”, destaca o cardiologista Eduardo Pesaro, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Há evidências de que a tensão constante banhe o organismo de substâncias que maltratam o músculo cardíaco.

Continua após a publicidade

E o que dizer da dieta? “A alimentação equilibrada é fundamental tanto na prevenção quanto no tratamento”, afirma a nutricionista Lis Proença, do InCor. Vale apostar sobretudo em frutas, hortaliças e grãos, grandes fornecedores de fibras e antioxidantes, aliados da circulação.

Realizar checkups periodicamente é outra medida para escapar de surpresas desagradáveis. Também tenha em mente que, apesar de indesejada, a angina é um aviso e tanto de que o coração não vai bem. “Se vier acompanhada de suor e náuseas, pode ser o prenúncio de um infarto”, alerta o cardiologista Enilton Egito, do Hospital do Coração, na capital paulista. Na dúvida, é melhor dar ouvidos a ela e procurar ajuda médica antes que a qualidade de vida vá perambular por caminhos muito estreitos.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.