Febre, tosse, diarreia, náuseas, machucados… Problemas comuns em crianças acabam virando justificativas para que a família corra para o pronto-socorro mais próximo. Contudo, muitas vezes a ida ao ambulatório é desnecessária e expõe o pequeno e seus acompanhantes a doenças potencialmente mais graves por estarem em um ambiente propício à infecção por micro-organismos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), 75% das visitas a prontos-socorros não precisariam ocorrer. A Agência Einstein entrevistou médicos para saber, afinal, quando você deve levar uma criança ao hospital.
Mas, antes disso, é importante compreender o motivo pelo qual os pais levam tanto seus filhos a esses centros de emergência. E são basicamente três:
- A sensação de uma solução rápida, com direito a exames feitos na hora
- O fato de o pronto-socorro ficar aberto 24 horas por dia
- A “praticidade” de não precisar marcar uma consulta
A recomendação da SBP é para que os familiares sempre entrem em contato com o pediatra antes de tomar qualquer atitude. “Os novos meios de comunicação, como o WhatsApp, ajudam”, afirma o pediatra Tadeu Fernandes, presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da SBP.
O profissional que acompanha a criança a conhece muito melhor. Por isso, é mais capacitado a encontrar o tratamento ideal para um quadro qualquer. “E o médico do pronto-socorro precisa dar uma solução imediata”, completa o neonatologista Arno Warth, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Problemas de levar a criança ao hospital sem necessidade
Um dos mais graves é o risco de infecção, que aumenta drasticamente nesses ambientes, onde naturalmente há um acúmulo de vírus e bactérias. Até o acompanhante às vezes pega uma doença.
Traumas emocionais também podem ser gerados diante dessa situação. “A criança é submetida a um ambiente de alto estresse”, afirma Warth. Essa experiência não raro é o estopim para o medo de hospitais e de médicos.
Mas, então, quando levar a criança ao hospital?
Febre: caso não baixe em 72 horas – ou se a temperatura até cair, porém criança continuar apática – é hora de levá-la ao pronto-socorro.
Em geral, a febre é tratável em casa com um antitérmico, que demora até 50 minutos para agir. Mas não custa consultar seu pediatra.
Diarreia: a maior preocupação é quando a criança fica desidratada. Caso isso ocorra, é necessário ir ao serviço de emergência.
Os sintomas mais tradicionais da desidratação são lábios e língua seca, diminuição e escurecimento da urina e olhos fundos. Observe também se o problema não vem acompanhado de vômitos. Isso sinaliza que a criança está rejeitando líquidos, outro fator de risco para a desidratação.
Problemas na respiração: nesses casos, é importante verificar se o pequeno fica ofegante ou parece “cansado” com tarefas triviais, como se tivesse feito alguma atividade física. A fadiga excessiva levanta a suspeita para doenças respiratórias e infecções mais sérias, que justificam uma passada no hospital.
Alergia: o surgimento de manchas e coceira pede uma consulta com o pediatra ou o dermatologista. Mas a ida a um pronto-socorro só é necessária se houver dificuldade para respirar.
Chiado e tosse rouca são alguns dos sintomas que precisam ser observados e, se constantes, devem ser examinados por especialistas. Atente-se a inchaços na garganta e nos lábios, que são um sintoma precoce de choque anafilático – nessas situações, é recomendado ir imediatamente ao hospital.
Cortes e quedas: depende muito da extensão da lesão e da quantidade de sangue perdido. É importante ficar de olho se, após um tombo, a criança manifestar sonolência, vômitos, dor de cabeça, abatimento ou qualquer anormalidade. Se esses sinais derem as caras, vá ao centro de emergência.
Intoxicação: sempre vá diretamente ao hospital. Não induza vômitos e tente pegar o rótulo do produto para fornecer ao médico detalhes que poderão ajudar no tratamento.
Este conteúdo é da Agência Einstein.