“Vamos derrotar o câncer nas duas pontas da coleira“. Esse é o mote da Canines-N-Kids, uma fundação sediada nos Estados Unidos que teve uma ideia inusitada para melhorar a qualidade de vida e a descoberta de novos remédios para tumores que atingem o público infantil e canino.
Ulrike Szalay, fundadora e diretora executiva da ong, explica que existem diversos tipos de tumores que atingem tanto crianças quanto os cães. “Isso inclui o linfoma, a leucemia e a doença localizada nos ossos e no cérebro”, conta. Diante dessa coincidência, por que não unir esforços e tentar ajudar os dois lados da história?
De acordo com estatísticas da associação, mais de 16 mil crianças são diagnosticadas com câncer todos os anos nos Estados Unidos — no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) calcula que a taxa fica em 12 500 jovens entre 0 e 19 anos.
Infelizmente, nas últimas duas décadas, apenas três novas drogas contra esses tumores foram aprovadas. Para piorar, o investimento em novas terapias voltadas ao público infantil é bem baixo e não existem perspectivas de muitas novidades para um futuro próximo.
Na mesma toada, 6 milhões de cachorros são acometidos pelo câncer anualmente apenas em terras americanas (não existem estatísticas brasileiras sobre o assunto). Metade deles morre muito rápido, sem que seja iniciado um tratamento especifico para a enfermidade.
Jogo de ganha-ganha
A ideia da ong, então, é alavancar o número de pesquisas com os candidatos a medicamentos. Para isso, eles estimulam o envolvimento de cãezinhos como voluntários nas fases de pesquisa. “É um jogo de ganha-ganha: os pets se beneficiarão de medicações novas que podem até salvar a vida deles, enquanto as crianças ganham a possibilidade de um tratamento seguro e eficaz nos próximos anos”, conta Ulrike.
Além de toda a parte científica, a Canines-N-Kids ainda promove encontros entre as crianças hospitalizadas e os cãezinhos doentes. A aproximação entre dois seres que estão passando pelos mesmos percalços serve de distração e traz conforto e bem-estar para meninada que convive diariamente com os desafios de um tratamento complicado.
*O jornalista viajou para o congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) a convite a Pfizer