Se no inverno já é fácil a pele dos adultos ficar desidratada, imagine a dos bebês, que ainda não está totalmente preparada para enfrentar o frio e a secura. Como a chamada barreira cutânea está em formação, eles são mais suscetíveis a alergias e infecções. Por isso, o cuidado deve ser mais criterioso.
Para ajudar as mamães e os papais a não passarem perrengues com seus filhos durante a estação mais fria do ano, SAÚDE conversou com a presidente do Departamento Científico de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Vania Oliveira de Carvalho, para tirar 11 dúvidas comuns sobre o tema:
1. Como deve ser o banho do bebê no inverno?
O ideal é que seja com água morna, não muito quente, e que dure poucos minutos. “A melhor hora para o banho é no fim da tarde, antes de a criança dormir. Isso ajuda a acalmar e induzir o sono”, recomenda a pediatra.
Dê preferência a sabonetes líquidos infantis com pH igual ao da pele, pois mantêm a barreira cutânea, impedindo que ela fique seca. “Produtos não indicados para crianças têm maior risco de provocar alergias. Sobretudo os sabonetes em barra”, explica.
E as esponjas, será que são necessárias? Como elas acabam acumulando bactérias, a doutora prefere apostar apenas no sabonete, que já é suficiente. Além disso, deve-se escolher toalhas macias e manter o quarto aquecido.
2. Eles precisam tomar banho todos os dias?
Em regiões mais quentes, o ideal é fazer essa higiene diariamente por causa do acúmulo de suor. Em dias mais frios, você pode limpar apenas as áreas mais críticas, como a região genital.
Ainda assim, Vania alerta que passar muito tempo longe da água e do sabão é ruim. “Tomar banho todos os dias não prejudica o bebê”, afirma.
3. Devemos passar cremes hidratantes no bebê?
Eles são indicados apenas para os pequenos com a pele naturalmente seca. Nesses casos, utilize aqueles destinados a crianças e recém-nascidos. “Hidratantes para adultos geralmente contém perfumes que podem irritar a pele do bebê”, esclarece a médica.
4. E os óleos corporais podem ser aplicados?
O uso está liberado, principalmente para massagens nos pequenos. Porém, com a mesma ressalva: só recorra aos itens próprios para o público infantil.
5. Alguma parte do corpo exige mais hidratação?
Na teoria, qualquer região pode ressecar. Entretanto, áreas mais expostas, como a face, ficam sequinhas com facilidade. Aí é uma questão de aplicar cremes hidratantes quando necessário.
6. A boca do bebê resseca também?
Às vezes, sim. Por isso, os bastões labiais estão liberados. “Os próprios cremes e pomadas para assadura podem ser usados nos lábios”, indica Vania. Só converse com um profissional para ver se é mesmo o caso de fazer isso.
7. Quais sinais a pele dele dá quando não está sendo bem cuidada?
Em geral, ela vai apresentar áreas mais avermelhadas, descamação e coceira. “A pele íntegra tem um aspecto bonito e macio. Quando sai desse padrão, é o momento de procurar o pediatra”, alerta Vania.
8. Quais as doenças de pele mais comuns no inverno?
Dermatites, principalmente a atópica. Essa doença crônica surge bem cedo (a partir dos 2 meses de vida) e é frequente nas crianças.
Em resumo, ela causa lesões avermelhadas na face e nas pregas dos braços ou das pernas, que coçam e surgem de tempos em tempos. Por terem a barreira cutânea mais seca, os pacientes precisam de cuidados especiais, como hidratação diária e cremes especiais. “É importante divulgar que a dermatite atópica não é infecciosa e nem transmissível”, ressalta a especialista.
9. Há tecidos de roupa contraindicados?
As crianças detentoras de uma pele sensível devem fugir das peças fabricadas com fibra sintética ou lã, porque esses tecidos não raro desencadeiam alergias – principalmente em gente que têm propensão a dermatite atópica. Dê preferência às roupas de algodão.
10. As assaduras exigem cuidados específicos no inverno?
Não, eles são os mesmos no ano inteiro. “Se a troca de fralda for frequente e a limpeza, suave, as assaduras vão ocorrer com menos intensidade. Usar pomadas específicas também ajuda a evitá-las”, comenta Vania.
11. A pele ressecada pode ser sinal de um problema mais sério?
Existem condições, como alterações na tireoide, que promovem uma secura na pele e merecem atenção redobrada. Há também enfermidades genéticas a exemplo da ictiose – uma doença que deixa a pele mais seca desde o nascimento –, mas elas não são tão comuns assim.
Na dúvida, bata um papo com o profissional. Até porque ele conseguirá achar soluções mais personalizadas para cada situação.