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Uma Nerd na Saúde

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O que super-heróis e universos fantásticos têm a ver com saúde? A designer nerd (com orgulho!) Mayla Tanferri explica por aqui
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Você não reconheceria o Super-Homem se ele estivesse de óculos

Pesquisa mostra que a tática de Clark Kent de usar óculos para esconder sua identidade funciona. Aliás, há uma doença que dificulta o reconhecimento facial

Por Mayla Tanferri Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 30 jan 2017, 18h24 - Publicado em 30 jan 2017, 14h48
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  • “Não é um simples par de óculos.”

    Essa foi a resposta da DC Comics à questão que perseguia os fãs do herói: como é que um simples par de óculos pode impedir que as pessoas notem a semelhança entre Clark Kent e o Super-Homem?

    Publicada originalmente no número 330 de Adventures of Superman lá em 1939, nos Estados Unidos (por aqui a mesma revista chegou às bancas com o número 15, publicada pela Editora Abril em 1985), a explicação veio cheia de rodeios. Ela incluiu desde uma habilidade hipnótica do último filho de Krypton* até lentes especiais de vidro kryptoniano que intensificavam esse poder.

    E o mais curioso de tudo é que a tática de Clark Kent pode realmente funcionar — mesmo com um par de óculos tradicional, sem atributos sobrenaturais. Não, eu não estou experimentando ilusões hipnóticas enquanto escrevo esse post (I’m Batman). É a ciência nos surpreendendo mais uma vez.

    Leia também: O que o cabelo da Princesa Leia tem a ver com sua saúde

    Um estudo guiado pelos pesquisadores da University of York indica que pequenas alterações na aparência de uma pessoa, como o uso de “um simples par de óculos”, pode dificultar significativamente a identificação facial. No trabalho, batizado de Disguising Superman (em tradução livre, Disfarçando o Super-Homem), psicólogos exibiram aos participantes vários rostos desconhecidos em poses semelhantes às fotografias vistas em redes sociais.

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    Aí, pediram para que identificassem se cada par de imagens mostrava a mesma pessoa ou não. Os retratos foram separados em três categorias:

    1. Par de imagens onde ambos os rostos tinham óculos
    2. Par de imagens no qual nenhum dos rostos tinha óculos
    3. Par de imagens onde um rosto tinha óculos e o outro não

    Nas categorias 1 e 2, a precisão na identificação era de cerca de 80%. Já na categoria 3 — onde a mesma face ora aparecia com óculos, ora sem —, o desempenho sofria uma queda de 6%. Segundo os cientistas, é uma diminuição significativa na capacidade de reconhecimento facial.

     

    Tem (muita) gente que não reconhece rostos

    Já passou por uma situação onde uma pessoa te aborda com familiaridade e ainda assim você não a reconhece? Você pode até dizer que “não tem uma memória boa para rostos”, mas fique atento! Essa talvez seja uma manifestação branda da prosopagnosia, distúrbio no qual o cérebro é incapaz de reconhecer rostos.

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    Sim, isso existe — e afeta bastante gente. Também conhecida como “cegueira para feições”, a condição afeta cerca de 5 milhões brasileiros e 136 milhões de indivíduos no mundo. Em casos graves, o portador nem reconhece parentes e amigos mais próximos.

    Pesquisadores das universidades City University London e King’s College London criaram um questionário de 20 perguntas para ajudar a medir a gravidade da “cegueira para feições”. Você pode fazer o teste, em inglês, clicando aqui.

    Uma questão de saúde… e de segurança

    Reconhecer ou não um super-herói por trás dos óculos — e com a cueca por dentro das calças — parece um assunto bobo se aplicarmos os resultados daquele estudo que citei à problemas de segurança no mundo real.

    O professor Robin Kramer, membro do Departamento de Psicologia da University of York e um dos autores desse artigo, ressalta que quando um guarda da alfândega verifica uma foto de passaporte com a pessoa que está na sua frente, obviamente ele não possui familiaridade prévia com esse rosto. Portanto, se na foto em questão o sujeito estivesse usando óculos, a capacidade de identificação seria ainda mais comprometida.

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    Os cientistas esperam que os resultados possam ser utilizados em futuras políticas de identificação com foco em segurança, especialmente em países como o Reino Unido, onde indivíduos que utilizam óculos são obrigados a removê-los em fotos de documentos como identidade e passaporte.

    Leia também: Personagens de quadrinhos que deveriam buscar ajuda médica

    Segundo o co-autor da experiência, o cientista Kay Ritchie, se trouxéssemos a problemática da ficção para a realidade, os óculos em si não impediriam Lois Lane (eterna donzela em apuros das aventuras do Superman) de reconhecer o herói, uma vez que que ela está familiarizada ao rosto do Homem de Aço. No entanto, o estudo comprova que aqueles que não possuíssem familiaridade teriam mais dificuldade em reconhecê-lo, sim.

    A próxima vez que algum colega Marvete ironizar o simples disfarce do Azulão, compartilhe esse artigo e peça para que reserve as piadas somente para as roupas de baixo. Caso encerrado.

    *Planeta fictício onde nasce o personagem. Em Adventures of Superman #330, o herói conta que o vidro kryptoniano utilizado nas lentes dos óculos foi retirado dos restos do foguete que o trouxe pra Terra. Segundo ele, indestrutíveis como tudo de Krypton.

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