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A psicóloga Roberta Federico reflete sobre preconceito, racismo e os desafios para a saúde e o bem-estar da população negra em nosso país.
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Frantz Fanon e o novo olhar para a saúde mental da população negra

Nossa colunista comenta o legado desse psiquiatra que revolucionou a abordagem sobre a saúde mental a partir de reflexões sobre racismo e colonialismo

Por Roberta Federico
11 out 2021, 18h43

Psiquiatra nascido na Martinica, Frantz Fanton (1925-1961) é o tipo do intelectual que teve uma trajetória de vida curta e intensa, nos deixando um legado de ideias que marcou toda uma geração de pensadores e que reverberam até os dias atuais.

Para contextualizar, é importante explicar que a Martinica é uma ilha localizada nas Antilhas e que ainda hoje está sob domínio francês. Fanon graduou-se em medicina na França em 1951, após passar alguns anos atuando no exército francês. E essa experiência nas Forças Armadas tocou profundamente sua prática profissional.

Ele se alistou no exercício aos 18 anos e foi para a Argélia, país localizado no norte da África também de colonização francesa, durante as lutas pela independência dessa nação. A vivência do colonialismo (e também do nazismo) marca profundamente sua obra.

Pois é nesse período que Fanon se dá conta de que o antilhano comum considerava-se francês e enxergava o africano como uma pessoa preta. E que o antilhano afetado pelo colonialismo só perceberia que é preto e não francês quando estivesse na Europa.

Essa mudança na autoimagem e na autopercepção, influenciada pelo racismo e o colonialismo, é um dos temas do livro Pele Negra, Máscaras Brancas (Ubu Editora), de 1952, que foi originalmente sua tese de doutorado recusada pela universidade.

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LEIA TAMBÉM: Trauma racial: quando o racismo deixa suas marcas

Na obra, Fanon critica a psiquiatria positivista e propõe uma abordagem psicoterápica institucional que envolvesse a comunidade. Também defende a reconexão dos pacientes psiquiátricos com seu passado cultural mirando o próprio alívio do sofrimento psíquico.

O autor, recentemente reeditado e publicado no Brasil, discorre ainda sobre como a violência racial e colonial impactou a formação da identidade dos colonizados, produzindo traumas e desencadeando distúrbios mentais.

Fanon traz à baila uma discussão fundamental para se (re)pensar as repercussões das vivências sob opressão e discriminação e a relevância do engajamento da população em movimentos emancipatórios, com suas consequências psíquicas e sociais.

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Além de Pele Negra, Máscaras Brancas, cabe destacar, entre os escritos do psiquiatra, Condenados da Terra (Civilização Brasileira) e Por Uma Revolução Africana (Zahar).

A obra de Fanon felizmente volta a ganhar força em nosso país, sobretudo a partir do trabalho do cientista social Deivison Nkosi Faustino, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e autor de A Disputa em Torno de Frantz Fanon (Intermeios), em que discute o campo de olhares e reflexões possíveis com base no legado desse pensador.

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