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Garantir saúde, carinho e bem-estar na infância. Esse é o objetivo de cada linha escrita por Kelly Oliveira, pediatra e consultora internacional de amamentação.
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Uso de telas e desenvolvimento infantil: uma abordagem intencional

A preocupação com o efeito no desenvolvimento infantil do tempo passado em frente aos dispositivos eletrônicos é grande

Por Kelly Oliveira
4 jul 2023, 18h43
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Cabe aos pais proteger os filhos dos efeitos negativos da exposição às telas eletrônicas (VEJA Saúde/SAÚDE é Vital)
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Imagine uma cena: uma sala cheia de crianças pequenas, cada uma imersa em seu próprio mundo virtual, olhos fixos nas telas reluzentes de smartphones e tablets. Essas crianças, em tenra idade, estão cada vez mais conectadas digitalmente, perdendo a conexão com o mundo ao seu redor.

Essa situação, além de chocante, revela uma preocupação crescente sobre os efeitos do uso excessivo de telas no início da vida, fenômeno cada vez mais comum.

Estudos mostram que cerca de 75% das crianças com menos de dois anos fazem uso desses dispositivos eletrônicos.

Diante desse contexto, surge a necessidade de compreendermos a relação entre o tempo de tela e a saúde e bem-estar das crianças.

Recentemente, um estudo de grande relevância investigou o impacto do hábito no neurodesenvolvimento infantil, considerando também o efeito do tempo de atividade ao ar livre nessa associação.

O estudo questionou se um maior tempo de tela na infância está associado a um atraso no desenvolvimento das habilidades de comunicação, vida diária e socialização aos quatro anos, e se essa relação é influenciada pela frequência das atividades ao ar livre.

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A pesquisa contou com a participação de mulheres grávidas que deram a luz entre dezembro de 2007 e março de 2012. Os pais das crianças participantes também foram entrevistados, para fornecer informações sobre o estilo de vida de seus filhos.

+ Leia também: Crianças conectadas: muito além do tempo de tela

Como foi feito o estudo

Os dados foram coletados em diferentes momentos, incluindo observações aos 1 ano e 6 meses, 2 anos, 2 anos e 8 meses, e 4 anos.

A análise começou com um questionário sobre o tempo de tela das crianças aos dois anos de idade. Em seguida, investigou-se o tempo de atividade ao ar livre das crianças aos 2 anos e 8 meses.

Por fim, foi feita uma avaliação do neurodesenvolvimento aos 4 anos, analisando três domínios: comunicação, habilidades de vida diária e socialização.

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Os resultados revelaram que um maior tempo de tela (mais de uma hora por dia) aos dois anos de idade teve um impacto significativo em duas das três áreas de neurodesenvolvimento analisadas (comunicação e habilidades de vida diária).

Além disso, brincadeiras ao ar livre pouco frequentes (menos de seis dias por semana) aos 2 anos e 8 meses foram associadas a um atraso nas habilidades de vida diária e socialização.

É importante destacar que o tempo prolongado de tela aos 2 anos afetou significativamente a frequência das atividades ao ar livre aos 2 anos e 8 meses. Ou seja, crianças que passavam muito tempo em frente aos dispositivos eletrônicos tendiam a brincar menos em áreas externas meses depois.

E, por outro lado, a frequência das brincadeiras ao ar livre mostrou-se como um fator mediador no impacto do uso de telas no desenvolvimento das habilidades de vida diária aos 4 anos, bem como no desenvolvimento social.

Portanto, fica evidente que um tempo excessivo de tela aos 2 anos de idade está associado a um comprometimento das habilidades de vida diária aos 4 anos.

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No entanto, é encorajador saber que uma mudança na frequência das brincadeiras ao ar livre, de menos de seis dias para seis ou sete dias por semana, reduziu o impacto negativo observado no estudo em até 18%.

Retrato alarmante

A pesquisa mencionada nos mostra um retrato alarmante. Nossos pequenos estão se tornando reféns de um mundo virtual, perdendo o contato com a realidade e, consequentemente, com importantes aspectos de seu crescimento.

Nesta era digital, é imprescindível que os pais assumam a responsabilidade de serem os principais orientadores e protetores de seus filhos.

Devemos lembrar que, quando uma criança nasce, é como se um livro em branco fosse aberto, esperando para ser preenchido com experiências, conhecimentos e afeto. Cabe a nós, pais, sermos os autores dessa história, guiando nossos filhos em direção a um futuro próspero.

Oferecer telas a crianças tão jovens é como privá-las de um capítulo fundamental dessa narrativa.

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Estudos demonstram que o desenvolvimento cognitivo, emocional e social é fortemente influenciado pelas interações do mundo real, pelo contato com a natureza, pelo brincar livre e pela exploração do ambiente ao redor.

É nesses momentos que as habilidades motoras são aprimoradas, a imaginação é estimulada e a criatividade floresce.

A intencionalidade no criar

Em vez de entregarmos dispositivos eletrônicos como muletas digitais, devemos estar presentes com intenção para ajudá-los a caminhar com suas próprias pernas, descobrir o mundo real e desenvolver as habilidades necessárias para se tornarem adultos resilientes e bem-sucedidos.

Ser intencional significa compreender que nossos filhos precisam de nossa presença ativa e consciente. Significa reservar momentos de qualidade para brincar juntos, conversar, explorar o mundo e incentivar a curiosidade natural deles.

É nosso dever protegê-los de uma exposição excessiva a telas.

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Lembremo-nos de que nossas crianças são seres em formação, moldáveis e sensíveis. É crucial que lhes proporcionemos um ambiente saudável e enriquecedor, onde possam aprender e crescer de maneira plena.

Portanto, pais, sejamos os pilares de apoio, os guias seguros e os educadores atentos que nossos filhos precisam.

Façamos escolhas conscientes em relação ao uso de telas, reservando tempo para atividades ao ar livre, interações familiares significativas e brincadeiras que estimulem a imaginação e a criatividade.

Somos os autores dessa história, e o futuro de nossos filhos está em nossas mãos. Vamos escrever um enredo repleto de conexões humanas, aprendizado genuíno e uma infância plena de significado.

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