Estes dias, enquanto estava em um parque com minhas filhas Esther e Sarinha, uma cena comum e encantadora se desenhou diante de mim.
A Estherzinha estava imersa no tanque de areia, interagindo com brinquedos que eram, de certo modo, comunitários. Uma mãe, ao reconhecer-me como pediatra, indagou: “Dra. Kelly, não teme por sua filha brincando assim, em um parque aberto?”
Nesse instante, embora ciente dos cuidados necessários, como um banho ao retornar para casa, percebi que a genuína alegria da minha filha e a interação com outras crianças eram o retrato perfeito da infância que eu desejava para ela.
Histórias são criadas, memórias são construídas e conexões são estabelecidas quando permitimos que nossos filhos explorem o mundo real. Em meio à era digital, frequentemente me pego refletindo sobre como podemos conectar pessoas mesmo com a presença inegável da tecnologia.
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Há espaço para o equilíbrio. Podemos, por exemplo, assistir a um filme juntos e discutir suas lições, ou explicar por que certos conteúdos podem não ser adequados para determinadas idades. O diálogo aberto, desde cedo, é uma ponte para uma adolescência mais compreensiva.
Ao mesmo tempo, é fundamental perceber que, se não houver um equilíbrio, corremos o risco de criar barreiras tecnológicas entre nós e nossos filhos.
A tecnologia não deve ser um obstáculo, mas um canal de aprendizado e conexão. Por isso, é crucial encontrar um ponto de equilíbrio e reconhecer quando precisamos nos desconectar para estar verdadeiramente presentes.
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Relembrando minha própria infância, as memórias mais vibrantes são daquelas em que eu explorava a natureza, subindo em árvores ou brincando na lama. Os tempos eram mais simples. E é justamente essa simplicidade que desejo para as novas gerações.
Daniel Siegel, da Universidade da Califórnia, pontua que “sentar as crianças à frente de telas não é brincar”. Precisamos promover experiências reais, que formem laços verdadeiros e construam memórias inestimáveis.
A infância, tantas vezes idealizada como o período mais mágico da vida, é uma fase de sonhos e descobertas. Por que, então, não alçar voos mais altos e investir de forma genuína na construção desses momentos?
Sim, retirar nossos filhos das telas pode demandar um esforço colossal, tanto emocional quanto financeiro. Mas, certamente será um esforço que valerá a pena.
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Porque num piscar de olhos, a infância se desvanece. Não podemos retroceder o tempo, então temos que valorizar e viver o presente intensamente.
Talvez nosso melhor esforço não alcance o ideal que temos em mente, mas é genuinamente nosso melhor. É um convite à reflexão, a encontrar equilíbrio na maternidade e na paternidade, sem trazer mais peso ou culpas.
Já dizia Santa Teresa D’Avila, sabiamente, “é justo que muito custe o que muito vale.” O que nos demanda mais é, sem dúvida, o que há de mais precioso e vale, definitivamente, cada esforço.
Esses são os verdadeiros tesouros da vida.