A American Heart Association (AHA) propôs oito medidas essenciais de saúde para prevenir ou retardar as doenças cardiovasculares, além de outras enfermidades relacionadas ao envelhecimento, como as doenças cerebrais.
Batizadas de Life’s Essential 8, elas incluem, em geral, ajustes comportamentais relacionados ao estilo de vida.
Um indivíduo que adere à estratégia pode ter a idade biológica até 6 anos menor do que a idade cronológica. Essa é a conclusão de um estudo apresentado durante o último encontro da AHA, que aconteceu no início do mês nos Estados Unidos.
Os achados foram alicerçados em dados de 6.593 adultos com idade média de 47 anos, com informações do NHANES (National Health and Nutrition Examination Survey) dos Estados Unidos, entre 2015 e 2018.
As oito medidas
São elas:
- Manter o peso adequado
- Manter os níveis ideais de açúcar no sangue
- Manter os níveis ideais de colesterol
- Ter uma alimentação equilibrada
- Dormir bem
- Realizar exercícios físicos
- Não fumar
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Idade biológica x idade cronológica
A implementação dessas medidas simples pode retardar o processo de envelhecimento.
Este é o conceito da idade fenotípica ou idade biológica, que se refere à idade aparente de uma pessoa com base nas características físicas, comportamentais e de saúde observáveis, em contraste com a idade cronológica, aquela que é contada a partir da nossa data de nascimento.
A idade fenotípica pode ser um indicativo do risco de mortalidade e doença na população em geral, hipótese trabalhada no estudo apresentado pela AHA.
Os pesquisadores analisaram o impacto das 8 medidas essenciais na idade fenotípica e em uma medida chamada de aceleração da idade fenotípica, a diferença entre a idade fenotípica e a idade real. Uma maior aceleração da idade fenotípica, por exemplo, indica que a pessoa envelhece mais rápido.
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Foi observado entre os participantes que aqueles com uma boa saúde cardiovascular (calculada de acordo com o parâmetro Life’s Essential 8) tinham uma aceleração da idade fenotípica negativa. Ou seja, uma desaceleração do envelhecimento. Já aqueles com baixo escore de saúde cardiovascular tinham uma aceleração positiva, representando um envelhecimento acelerado.
O estudo concluiu que a saúde cardiovascular foi inversamente associada com a idade fenotípica e com a aceleração da idade fenotípica, com evidência de uma relação dose-efeito.
O estudo traz informações robustas de percepções que temos nos consultórios, corroboradas com outros importantes trabalhos científicos, de que melhorar a saúde cardiovascular pode desacelerar a idade biológica e reduzir as enfermidades associadas ao envelhecimento.
* Maria Cristina Izar é cardiologista, diretora da SOCESP e professora adjunta livre docente da Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo