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A síndrome de burnout e o coração feminino

Mulheres são as maiores vítimas das doenças cardiovasculares e as mais atingidas pelo esgotamento no trabalho

Por Ieda Jatene e Salete Nacif, cardiologistas, e Suzana Avezum, psicóloga*
16 nov 2023, 17h59

Infelizmente, há uma prevalência feminina em dois cenários aparentemente distintos, mas que na verdade convergem. Elas são as maiores vítimas atuais das doenças cardiovasculares (DCVs), com aumento de casos e mortalidade após a menopausa, e também as mais atingidas pela síndrome de burnout, resposta física e psíquica ao estresse do trabalho e ao excesso de atividades diárias.

Entre as condições que levam as mulheres às DCVs estão as comuns a todos – obesidade, tabagismo, diabetes, colesterol elevado, hipertensão, depressão etc. Quanto maior o número desses fatores combinados, maior a probabilidade de o sexo feminino sofrer com problemas do coração e acidente vascular cerebral (AVC).

Somam-se ao cenário particularidades do gênero. A depressão aumenta em mais de três vezes a chance de danos ao sistema cardiovascular das mulheres em relação aos homens, e é um dos sintomas do burnout.

Mas, vale destacar, elas não são a mesma coisa. A depressão é uma doença crônica, enquanto burnout é uma condição relacionada diretamente ao trabalho e caracterizada por três elementos centrais: exaustão emocional (sensação de desgaste); despersonalização (insensibilidade ou afastamento excessivo do público que deveria receber serviços ou cuidados) e menos satisfação profissional.

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+ Leia também: Burnout: problema é reconhecido pela OMS e faz cada vez mais vítimas

O trabalho invisível das mulheres

Sabemos que nas famílias, apesar de termos carreira ativa, na maioria das vezes recaem sobre nós as responsabilidades domésticas, incluindo organização da casa e os cuidados com filhos e idosos. Estes fatores explicariam porque Burnout é predominante no sexo feminino.

Pesquisa da Women in the Workplace, de 2021, concluiu que 42% das entrevistadas tinham sintomas pertinentes à síndrome.

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A Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) publicou um suplemento completo sobre o tema em sua revista científica.

A publicação traz artigos sobre as doenças cardiovasculares em mulheres; dos riscos aos conceitos, passando pelas particularidades da investigação desta classe de patologias no sexo feminino e por estratégias de prevenção, em artigo sobre qualidade de vida, espiritualidade e burnout.

Uma coisa leva à outra

Especialistas da Socesp se debruçaram sobre diversos estudos, nacionais e internacionais, analisando a estreita relação entre burnout e as doenças cardiovasculares.

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E não é difícil identificar os pontos de ligação. No ranking das causas do infarto, estão transtornos de ansiedade e depressão, que podem ser desencadeados por situações de estresse social e profissional.

Um levantamento comandado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Wake Forest (EUA) evidencia que aqueles com altos níveis de burnout têm 20% mais pré-disposição a desenvolver fibrilação atrial, que, quando não tratada, desemboca no AVC isquêmico.

Da mesma forma, o abalo emocional provocado pela síndrome predispõe ao aumento do colesterol ruim, dos níveis de glicose, de triglicerídeos, da proteína C reativa e da pressão arterial.

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E a lista vai além: burnout promove hiperatividade do sistema nervoso simpático, inflamação sistêmica e anormalidades plaquetárias. A condição ainda prejudica as funções imunológicas, motiva alterações na coagulação e distúrbios do sono: tudo o que prejudica a saúde cardiovascular.

Em alguns casos, a ansiedade leva à compulsão alimentar, um gatilho para o sobrepeso e a obesidade.

Estratégias para a melhora

Com o objetivo de alertar a sociedade sobre esse “efeito dominó” provocado pelo burnout, a SOCESP reuniu algumas intervenções benéficas, que não requerem receita controlada ou remédios tarja-preta. A atividade física, por exemplo, contribui para afastar emoções negativas e, portanto, é uma boa pedida.

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O canabidiol (CBD) também se mostrou eficaz no controle de burnout junto aos profissionais de saúde em um estudo do Hospital Universitário da Faculdade de Medicina, de Ribeirão Preto (SP).

+ Leia tambémÉ preciso reverter a cultura do burnout

A prática de yoga supervisionada durante 12 semanas foi bem avaliada na redução do estresse da equipe de enfermagem de um hospital em Delhi, na Índia. Além disso, o contato com a espiritualidade é um recurso para reagir ou evitar que este tipo de mal se instale.

A espiritualidade é definida como o conjunto de valores morais, mentais e emocionais que norteiam pensamentos, comportamentos e atitudes. Nunca é demais lembrar que o perdão, a gratidão e a solidariedade são exemplos de sentimentos nobres que, literalmente, fazem bem ao coração.

*Ieda Jatene é cardiologista, especialista em Cardiopatias Congênitas e Cardiologia Pediátrica. É a presidente da Socesp para o biênio 2022/2023. Salete Aparecida da Ponte Nacif é cardiologista do Hospital do Coração de São Paulo, diretora da Socesp. Suzana Avezum é psicóloga e psicanalista e diretora executiva do Departamento de Psicologia da Socesp. 

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