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Médicos, nutricionistas e outros profissionais da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) explicam as novas (e clássicas) medidas para resguardar o peito
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A melhor prescrição médica é aquela que é seguida à risca

Para serem eficazes, os tratamentos de longo prazo devem contar com total adesão dos pacientes

Por Evandro José Cesarino, cardiologista*
10 dez 2021, 10h12
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  • Sabe qual é o melhor remédio que já criaram? Aquele tomado de acordo com a prescrição médica e que é armazenado de forma correta, longe do calor ou frio excessivos.

    Parece uma receita básica, certo? Mas, para 50% dos cardiopatas ou pessoas com fatores de risco cardiovascular (como colesterol elevado, hipertensão arterial e diabetes) em tratamento de longo prazo nos países desenvolvidos, essa adesão não acontece.

    Durante a pandemia de Covid-19, é provável que a não manutenção da medicação de uso continuo tenha chegado a níveis ainda mais alarmantes.

    Na maioria das vezes, as doenças são assintomáticas, e isso contribui para a negligência dos pacientes, que deveriam se manter medicados e cultivar uma vida mais saudável – até por conta do perigo iminente representado pela falta de utilização dos remédios.

    Aliás, a ausência de um “aviso prévio” das doenças cardiovasculares deveria ser encarada com mais seriedade pelas pessoas. Afinal, depois que a bomba explode no formato de um infarto agudo do miocárdio ou um derrame, por exemplo, não há como correr mais atrás do prejuízo.

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    Não custa frisar que as doenças cardíacas são líderes de mortes no Brasil. Dados da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) mostram que elas respondem por 29% do total de óbitos do país. As cardiopatias matam duas vezes mais que todos os tipos de câncer e 2,5 vezes mais que acidentes e mortes decorrentes de violência.

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    O Estudo Epidemiológico de Informações da Comunidade (EPICO), da Socesp, constatou o seguinte: mais de 9 mil pacientes de ambos os gêneros das unidades básicas de saúde de 32 cidades paulistas não controlam adequadamente os principais fatores de risco para as doenças do coração (reforçando: falamos de colesterol elevado, hipertensão e diabetes).

    No caso do colesterol, analisando isoladamente, o gerenciamento era feito por apenas 16% dos indivíduos. Somente 25% apresentavam valores de glicemia dentro das metas preconizadas. E 48% dos indivíduos participantes não tinha controle sobre a pressão arterial.

    Segundo a pesquisa da Socesp, a negligência começa logo na saída do consultório: a cada três receitas prescritas por cardiologistas, pelo menos uma é deixada de lado. Como a maioria dos medicamentos para controle é distribuída gratuitamente, o custo não entraria como justificativa.

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    Já a falta de esclarecimento sobre a gravidade do quadro, o tempo reduzido de consultas (que contribui para uma má compreensão do problema) e a não continuidade de atendimento com o mesmo profissional – principalmente na rede pública –, dificultam a relação médico-paciente. Isso impede que se estabeleça a confiança necessária para seguir a recomendação médica.

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    Lugar de medicamento é na embalagem original

    Outra negligência frequentemente cometida com os medicamentos é retirá-los das embalagens originais, transferindo-os para caixinhas ou outros porta-comprimidos vendidos em farmácias.

    Muitas vezes, a intenção até é boa: estabelecer uma logística para tomá-los na hora correta, evitando esquecimentos, principalmente no caso de pessoas idosas. De qualquer forma, retirar os remédios de suas cartelas não é uma boa ideia.

    Isso porque, ao serem expostas, as drágeas entram em contato com umidade, luz e ar. Assim, o medicamento pode estragar, diminuindo sua validade e a efetividade do tratamento.

    Além disso, o risco de perdermos o controle das datas de validade é maior. Outro perigo é propiciar uma confusão ao colocá-los juntos, uma vez que a maioria dos comprimidos é parecida – tanto em termos de formato como cor. A mistura aumenta a probabilidade de serem ingeridos erroneamente.

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    Dois passos para evitar riscos

    É uma dicotomia do bem: para doenças tão graves e fatais como as cardiovasculares, os dois primeiros passos no sentido de cura ou controle são simples.

    O pontapé inicial é o diagnóstico. Adquirir hábitos como consultar um médico periodicamente, medir a pressão arterial e fazer exames laboratoriais para saber se há risco de estar com diabetes ou colesterol elevado, por exemplo, já afasta consideravelmente o paciente da zona de perigo.

    Quando esses exames revelam que há a necessidade de mudar hábitos de vida, sendo necessária a utilização de remédios de uso contínuo, é importante saber que seguir as orientações à risca fará a diferença entre manter-se saudável ou brincar com a vida.

    Quanto antes os tratamentos são iniciados, mais longe ficamos das estatísticas negativas em relação às doenças do coração. Viva mais e melhor!

    *Evandro José Cesarino é cardiologista, diretor científico do Departamento de Farmacologia da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) e professor doutor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP.

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