A doença de Alzheimer é uma condição neurológica intimamente ligada ao aumento de expectativa de vida da população. E a mudança na pirâmide etária do Brasil está muito mais acelerada do que o visto em países chamados desenvolvidos. Neste cenário, temos que estar preparados para uma avalanche de novos casos da condição.
Em 2019 o número estimado de pessoas com Alzheimer no país era de 1,8 milhão e a estimativa para 2030 e 2050 é de 2,8 e 5,5 milhões, respectivamente. E é preocupante é o fato de que pelo menos 75% dos indivíduos que vivem com o problema hoje não possuem o diagnóstico formal, conforme aponta o 1º Relatório Nacional de Demências de 2023.
Outro ponto relevante: a detecção de formas mais precoces melhora (e muito) o prognóstico e a resposta ao tratamento. E existem ferramentas de rastreamento simples e práticas que diversas especialidades médicas podem e devem utilizar.
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Um dos estágios iniciais é o chamado comprometimento cognitivo leve, em que já há alterações nos testes de memória e algumas queixas do paciente e seus familiares, mas o mesmo ainda se encontra funcional nas suas atividades diárias domésticas, de lazer e trabalho.
Outra etapa ainda mais primária é o declínio cognitivo subjetivo. Trata-se de uma fase em que o paciente e/ou familiares reconhecem queda de capacidade cognitiva e de memória, mas não há alterações nos testes de rastreamento.
Como fazer o rastreamento no dia a dia do consultório?
Um dos métodos mais simples, fáceis e sensíveis de rastrear estas formas mais iniciais de demências é o questionário 10-CS. Em menos de três minutos é possível aplicá-lo para ter ideia do padrão cognitivo e de memória dos pacientes.
Somente com estratégias práticas outras especialidades poderão colaborar para reduzir a elevada taxa de subdiagnóstico de Alzheimer no Brasil. E convenhamos: não há neurologistas suficientes no Brasil para tal tarefa.
Este teste deve ser aplicado em populações de maior risco, como aqueles com diabetes, obesidade, pressão alta, alteração do colesterol, obesidade etc. Só para citar um exemplo, o diabetes per se aumenta o risco de Alzheimer em 43%.
Tanto que a Associação Americana de Diabetes recomenda o rastreamento universal de comprometimento cognitivo leve a partir de 65 anos nos portadores da doença, com repetições anuais.
Portanto, o básico é o bom controle dos fatores citados acima. Isto todo clínico deve fazer em parceria com o paciente. E o paciente, sabendo desta ferramenta, pode cobrar sua realização nas consultas regulares. Converse com seu médico. Cuide-se. Previna-se.