Esportes na adolescência: uso de suplementos deve ser feito com cautela
Em clima de Olimpíadas, vale falar sobre o efeito positivo da prática esportiva no desenvolvimento infanto-juvenil e dos cuidados que a cercam
Com a chegada das Olimpíadas de Paris, crianças e adolescentes param em frente à televisão para ver seus atletas favoritos, que muitas vezes se tornam uma referência em saúde, disciplina e até profissão.
Isso é positivo. Ora, as atividades esportivas, sejam coletivas ou individuais, trazem aos adolescentes aptidões de convivência em grupo, a aceitação de desafios e de aprendizados com as vitórias e derrotas que eles enfrentarão ao longo da vida.
De acordo com a legislação brasileira, um adolescente pode, inclusive, praticar esportes de alto rendimento e participar de campeonatos no Brasil e no exterior, mesmo sendo menor de idade. Na última edição das Olimpíadas, em Tóquio, o Brasil levou 303 atletas em 35 modalidades diferentes, sendo que cinco deles tinham menos de 18 anos, e um menos de 16 anos.
Nesse caso, entretanto, é necessário seguir algumas regras para que a prática não acabe prejudicando a sua saúde. Apesar de todos os benefícios que o esporte pode trazer ao desenvolvimento, em alguns cenários a atividade pode causar distúrbios psicológicos, como depressão ou crises da ansiedade em decorrência da intensa cobrança por resultados (por vezes, feita pelo próprio atleta).
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Uso de suplementos: alerta aos pais
Com o estímulo de adolescentes à prática de esportes ou atividades em academias, temos visto o uso de suplementos alimentares em seu cotidiano e até mesmo de crianças, tema que vale um alerta para os pais.
Há estudos nos Estados Unidos, com milhares de adolescentes, que relatam uma prevalência de 35% de consumo de suplementos esportivos para o ganho de massa muscular.
A tese de alguns especialistas é de que substâncias como whey protein e a caseína auxiliam no crescimento, principalmente no desenvolvimento da saúde óssea de crianças e adolescentes, tanto as saudáveis quanto as que apresentam problemas de má nutrição.
Todavia, é importante salientar que o consumo energético excessivo que pode ocorrer ao acrescentar produtos do tipo na dieta aumenta o risco de sobrepeso, obesidade e suas comorbidades.
Para os adolescentes que já entram na categoria de atleta, os especialistas da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva ressaltam que “o uso de suplementos alimentares é inadequado e desnecessário para atletas adolescentes ativos e competitivos para fins de melhoria de desempenho. Atletas adolescentes e o seu pessoal de apoio devem estar cientes dos riscos associados com suplementação dietética”.
Isso porque ainda não há informação suficiente sobre o efeito de longo prazo do uso de suplementos em crianças e adolescentes. E essa falta de segurança absoluta inclui a creatina, em consumo crescente na faixa etária.
Clique aqui para entrar em nosso canal no WhatsAppNo final, entende-se que é possível obter o nível necessário de micronutrientes com uma dieta bem calculada em quantidade calórica e proteica. E o uso de suplementos, nesse momento, reserva-se para situações excepcionais, como o cálculo individualizado para competição extrema, ou disfunções neuromusculares.
Em vez de os pais recorrerem a esses produtos como primeira opção, é fundamental garantir uma alimentação balanceada e variada, que forneça todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento saudável dos adolescentes. Priorizar fontes naturais de proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais é sempre a melhor abordagem.
Caso a criança ou adolescente apresente qualquer distúrbio de crescimento, recomendamos que os pais procurem seu pediatra, ou um endocrinologista pediátrico para garantir o melhor acompanhamento clínico.
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Cuidados para a prática
A Academia Americana de Pediatria coloca que, em torno dos 12 anos, os adolescentes já estão aptos a frequentar academias, desde que acompanhados por um profissional da área, que indique exercícios adequados para sua idade, altura, peso e fase da puberdade.
Assim como para adultos, é importante ainda que os pais levem os filhos ao médico para serem avaliados clinicamente, de maneira que a prática não ofereça riscos ao desenvolvimento.