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Saúde mental dos profissionais de saúde deve ser acompanhada de perto

A missão de amenizar ou curar sofrimentos alheios pode cobrar um preço alto desses indivíduos, favorecendo quadros como depressão, ansiedade e burnout

Por Helena Romcy, enfermeira auditora*
27 mar 2023, 19h03
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  • Recentemente, ao conversar com uma profissional ligada à aviação, soube que a saúde mental e emocional dos pilotos e das tripulações é avaliada uma vez ao ano.

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    São profissionais que lidam com fatores de extrema gravidade, e que têm, sob sua responsabilidade, a vida de centenas e milhares de pessoas.

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    Portanto, eles precisam de acompanhamento não quando os problemas aparecem, mas antes mesmo de se evidenciarem.

    Entendo que o mesmo raciocínio deveria valer para outros setores que também lidam com vidas humanas.

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    Isso porque é uma característica nossa nos preocuparmos uns com os outros, e tentarmos auxiliar sempre que possível.

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    Esse comportamento natural ganha complexidade quando constitui a profissão de alguém – como se vê no caso de quem atua na aviação e também dos profissionais da área de saúde.

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    Nessa categoria estão médicos e médicas, enfermeiros e enfermeiras, atendentes e assistente de enfermagem, técnicos de exames, maqueiros, motoristas de ambulância, analistas de laboratório, copeiros e cozinheiros de hospitais, faxineiros, enfim, todos os que se dedicam – direta ou indiretamente – a salvar vidas.

    Os profissionais de saúde são pessoas como todas as outras: precisam deixar ou buscar crianças nas escolas; têm problemas com os filhos adolescentes; fazem compras; preocupam-se com as contas a pagar; e também adoecem e entram em processo de desgaste físico e mental.

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    + Leia também: Os dois fatores que mais afetam o bem-estar no trabalho, segundo pesquisa

    Ao longo da pandemia de Covid-19, que impôs um ambiente global de isolamento, pânico e insegurança, esse processo de desgaste foi levado ao extremo. Não é de admirar que os profissionais da área da saúde tenham sido os mais atingidos.

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    Pela característica própria de seu trabalho, são indivíduos que sabem estar cumprindo a missão de curar ou amenizar os sofrimentos alheios. Possuem uma sensibilidade especial na busca incansável para encontrar respostas às aflições de saúde de seus pacientes.

    Pode-se dizer que se trata de um verdadeiro sacerdócio. A dedicação anda ao lado da frustração, já que muitas vezes o profissional se vê impotente na busca por soluções.

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    Imagine a ampliação desses sentimentos em um momento de crise aguda, como o que vivemos recentemente, quando não havia compreensão total do que estava acontecendo.

    E mais: quando viam, ao seu redor, colegas de trabalho adoecendo e indo a óbito, vitimados pela doença que tentavam enfrentar.

    Passada a fase mais crítica da pandemia, foram realizados estudos no Brasil e em outros países que comprovaram os prejuízos causados à saúde mental (da qual já se tem um diagnóstico) e para a saúde emocional, que abriu uma vertente muito maior ao englobar ansiedade, síndrome do pânico e o hoje tão falado burnout, categorizado pelo Ministério da Saúde como síndrome do esgotamento profissional.

    Além de se preocuparem profundamente com a cura do paciente, muitos profissionais da saúde não apenas trabalham, mas ainda buscam complementar seus estudos.

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    Assim, tem múltiplos expedientes, esforçando-se para conseguir salários dignos que permitam sustentar suas famílias. O peso mental e emocional a ser pago pode vir a se mostrar demasiadamente elevado.

    Não quero apenas assinalar os problemas, que infelizmente todos nós somos forçados a conhecer. Meu foco, da forma como vejo hoje, do posto que atualmente ocupo na Associação Brasileira de Enfermeiros Auditores (ABEA), está na busca de uma solução que ampare os profissionais de uma maneira confiável e constante.

    Seria um programa de avaliação continuada de quem trabalha na área da saúde, a ser implementado tanto nas instituições públicas como na saúde privada, visando prevenir o esgotamento profissional.

    Enfatizo a palavra “prevenção”, etapa em que ainda não é tão complexo remediar as eventuais dificuldades.

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    Poderíamos ter, nos próprios hospitais, um setor capaz de identificar, logo nos primeiros sinais de alerta, a necessidade de uma aproximação maior daqueles que precisam de apoio imediato.

    Seria complementado por um movimento, ou por um serviço institucional, que se tornasse ponto de referência, local físico onde os profissionais pudessem buscar ajuda antes de entrar em colapso, como tantas vezes acontece.

    + Leia também: Um raio x da cabeça dos trabalhadores

    Posso citar como exemplo um programa aplicado pelo estado do Ceará, há alguns anos, no Hospital César Cals, que implementou uma verdadeira força tarefa para quem cuidava dos pacientes, antes que eles próprios se transformassem em mais um paciente demandando cuidados.

    O espaço é pouco para detalhar o tema, discutir experiências nacionais e internacionais, e apresentar propostas que venham a, pelo menos, amenizar o sofrimento mental e emocional de nossas categorias. Trabalhando em conjunto, como fazemos na ABEA, acredito que podemos sublimar os resultados que sejam benéficos a todos nós.

    *Helena Romcy é enfermeira auditora e presidente da ABEA, Associação Brasileira de Enfermeiros Auditores

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