Convívio em família com a dermatite atópica
Para Márcio, jornada de convívio com a doença é um lembrete diário da importância da empatia e da compaixão
Quando minha filha Íris veio ao mundo, em novembro de 2021, uma onda de felicidade e responsabilidade inundou minha vida e a de minha esposa, Joyce. No entanto, também carregamos conosco algo que, infelizmente, não era estranho para mim: a dermatite atópica (DA).
Minha história com essa condição começou quando eu tinha apenas 3 meses de idade.
As dolorosas coceiras, as noites sem dormir e a sensação de estar constantemente desconfortável marcaram minha infância. E, agora, com minha filha diagnosticada com DA desde seus 4 meses de vida, percebo que essa jornada é algo que compartilhamos como família.
A dermatite atópica não é só uma condição de pele; é uma parte intrínseca do nosso cotidiano. Cada mancha na pele da Íris me lembra dos momentos difíceis que eu mesmo enfrentei quando criança.
Entretanto, a experiência da paternidade trouxe uma nova perspectiva para minha luta pessoal.
Não se trata apenas de encontrar maneiras de aliviar nossos sintomas, mas também de educar e criar consciência para que minha filha e outras crianças com DA não tenham que enfrentar os mesmos desafios e preconceitos que eu enfrentei.
Conviver com a dermatite atópica me fez perceber a importância de normalizar a conversa sobre condições de pele. Não é apenas um debate sobre estética; é uma questão de saúde (física e mental).
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A falta de compreensão sobre a DA frequentemente leva ao estigma e ao preconceito. As pessoas olham para as erupções cutâneas e não entendem a dor que está por trás delas. É crucial quebrar esse ciclo de ignorância e aumentar a conscientização sobre a doença.
Como pai, meu maior desejo é que minha filha cresça em um mundo onde seja aceitável ser diferente, onde as condições de pele não sejam motivo de vergonha ou isolamento. É por isso que tenho trabalhado para aumentar a conscientização sobre a dermatite atópica.
Educar outras pessoas sobre a condição ajuda a dissipar o estigma e também cria um ambiente de apoio para crianças como a Íris.
Além disso, essa jornada me ensinou a importância da autoaceitação. A dermatite atópica pode afetar profundamente a autoestima. A constante coceira e as lesões na pele muitas vezes fazem as pessoas se sentirem envergonhadas e incompreendidas.
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No entanto, como pessoa com DA e como pai de alguém que vive com DA, estou determinado a mostrar para a Íris que sua pele não define quem ela é. Ela é forte, corajosa e incrivelmente amada, independentemente das marcas em sua pele.
Nossa jornada em família com a dermatite atópica é um lembrete diário da importância da empatia e da compaixão.
*Márcio Gonçalves é analista de qualidade e pessoa com dermatite atópica