Outubro Rosa: Revista em casa por 9,90
Imagem Blog

Em primeira pessoa

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Numa parceria com o CDD (Crônicos do Dia a Dia), esse espaço dá voz a pessoas que vivem ou viveram, na própria pele, desafios e vitórias diante de uma doença crônica, das mais prevalentes às mais raras
Continua após publicidade

“Apaguei ao volante e bati o carro em consequência do burnout”

Mesmo sendo um profissional da saúde mental, o psicólogo Lucas Franco Freire não identificou os sintomas do esgotamento profissional a tempo

Por Lucas Franco Freire, psicólogo que teve burnout*
10 set 2023, 11h33
motorista-direcao-automovel-carros-transito
Acidente foi sinal de alerta para o psicólogo de que algo estava errado (Foto: Sergi Kabrera/Unsplash/Divulgação)
Continua após publicidade

Quando abri os olhos, me vi cercado de pessoas estranhas. Minha visão estava turva, como se estivesse tentando enxergar através de um vidro embaçado, mas reparei que o volante do carro estava solto no meu colo.

Com o coração acelerado, tentava juntar as peças e entender o quebra-cabeça da situação. Foi então que ouvi o choro da minha namorada, hoje minha esposa. Do lado de fora uma voz gritou: “Fique calmo! O Samu já está chegando!”.

Aquele acidente foi a gota d’água, a clara manifestação de que meu corpo e minha mente já estavam sobrecarregados, desgastados, exauridos.

Mesmo sendo psicólogo, negligenciei todos os sinais de alerta. A queda de cabelo e barba, uma gastrite que não passava, o cansaço extremo, a irritabilidade constante, a sensação de estar em um abismo sem fim, as noites mal dormidas… O estresse era crônico. Dormir ao volante e bater o carro foi a consequência final.

Continua após a publicidade

+ Leia também: É preciso reverter a cultura do burnout

Naquela época, trabalhava como coordenador de RH na indústria, em um ambiente altamente tóxico, onde as pressões eram constantes e as expectativas, muitas vezes, inalcançáveis.

No mesmo período, fui convidado para ser professor universitário, algo que sempre sonhei, mas cuja remuneração era ingrata. Todas as noites, após um dia exaustivo na fábrica, me dirigia à universidade para dar aulas.

Continua após a publicidade

Eu amava ensinar, mas a tentativa de equilibrar ambas responsabilidades esgotaram todos os meus recursos pessoais. Naquela noite, ao bater em um poste faltando muito pouco para chegar em casa, atingi o meu limite.

Sou a prova de que o burnout não é apenas uma síndrome do esgotamento profissional: é um grito da alma, um pedido desesperado de pausa.

saude-emergencia-urgencia-saude-publica-ambulancia
Burnout é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes (Foto: Joshua Coleman/Unsplash/Divulgação)

A negligência com minha saúde mental quase me custou a vida. Por sorte, o impacto, embora forte, só destruiu o carro.

Esse episódio tornou-se o marco de um novo começo para mim. A recuperação desse burnout me fez aprofundar os estudos sobre como evitá-lo. Foi aí que me encontrei no universo da ciência do play!

O “play” (que vem de diversão, ou brincadeira) pode ser definido como atividades espontâneas e prazerosas, que nos permitem explorar, criar e experimentar a vida de maneiras únicas.

Continua após a publicidade

O play promove bem-estar físico e mental. Quando temos mais tempo para o lúdico, somos capazes de liberar a tensão acumulada, reduzir a ansiedade e desenvolver a resiliência.

+ Leia também: Síndrome de Tourette: o que é, quais são os sintomas e tratamentos

Com a missão de oferecer caminhos para aliviar as tensões e o sofrimento causado pelo estresse profissional, compilei conhecimentos no livro “Playfulness! Trilhas para uma vida resiliente e criativa”.

Continua após a publicidade

Nesse livro, eu conto como o play está ancorado em quatro pilares. São eles:

  • Tensão criativa: quando o conflito se torna positivo e passa a nos mover
  • Resiliência estoica: a capacidade de enfrentamento e de exercitar o controle sobre o que pode ser transformado
  • Flow: experiências positivas que dão força de resistência em nome do movimento
  • Ludicidade: quando a vida ganha mais alegria e não perde a leveza

Hoje, sei que saúde e bem-estar não são negociáveis. Não sacrifico minha essência por demandas profissionais. Aprendi que cuidar de mim é o primeiro passo para cuidar dos outros e realizar meus sonhos.

Não espere um choque de realidade para acordar. A vida é para ser vivida, não apenas sobrevivida. Peça ajuda se necessário e, acima de tudo, escute-se. Explore, descubra e viva o seu Play!

Continua após a publicidade

*Lucas Franco Freire é psicólogo, professor, escritor e palestrante, com 20 anos de experiência. Especialista em Psicologia Positiva e do Trabalho. É autor do livro “Playfulness! Trilhas para uma vida resiliente e criativa”.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

ou

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.