Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Um olhar para a saúde das populações amazônicas

Médicos de ONG que leva assistência a populações amazônicas refletem sobre os desafios e iniciativas para superar as barreiras de acesso à saúde na região

Por Marco Aurélio D’Assunção e Fabio Atuí, médicos e fundadores da ONG Zoé*
Atualizado em 27 nov 2021, 11h22 - Publicado em 27 nov 2021, 11h22
populações amazônicas a acesso à saúde
Particularidades da região amazônica demandam esforços em logística e apoio da sociedade civil. (Foto: Sébastien Goldberg/ Unsplash/Divulgação)
Continua após publicidade

Quando pensamos na equação da saúde pública em relação às populações amazônicas, podemos esquecer, praticamente, tudo o que é feito, inclusive com sucesso, nas demais regiões do Brasil. Estamos em uma região singular em que a vida acontece à beira de rios ou no meio da floresta, a densidade populacional é baixa e as comunidades estão distantes, isoladas uma das outras.

Se uma criança ou um adulto quebra um braço, a depender da comunidade onde vive, pode precisar ser transportado por horas em um barco para chegar à unidade de saúde mais próxima. Se houver algum problema com o barco no meio do caminho, nem sempre o celular funciona para pedir ajuda.

Pode ser que o paciente ainda precise enfrentar adicionalmente horas de transporte terrestre em estradas difíceis para chegar a seu destino. E há localidades onde o único meio de transporte possível é o avião. É uma realidade em que a logística pode ser o fator preponderante que vai decidir entre a vida e a morte.

+ LEIA TAMBÉM: Plantas amazônicas podem combater doenças como obesidade e diabetes

Além das distâncias, dos rios e das florestas, há uma grande diversidade entre as populações em termos culturais e modos de viver – diferentes tribos indígenas, cada uma com suas peculiaridades; seringueiros; quilombolas; ribeirinhos; e agricultores familiares, só para citar alguns.

Portanto, se a saúde pública não alcança a efetividade desejada nas demais regiões do Brasil, na Amazônia esse desafio é mais complexo e assume proporções muito maiores para quem se dispõe a vencê-lo. E, entre os que se mobilizam para isso, está a sociedade civil, que historicamente tem tido um papel muito importante na assistência às populações amazônicas.

Continua após a publicidade

São ações que, se não resolvem o problema, certamente contribuem para amenizar o sofrimento e, indiretamente, desafogar o sistema público, cujos recursos são ainda mais escassos na região, concentrando-se na atenção primária.

+ MAIS: O combate à Covid-19 na Amazônia profunda

Acreditamos que esse movimento da sociedade civil tem potencial para realizar muito em prol dessas populações. Na Amazônia, a atuação de médicos, profissionais de saúde e de outras áreas – reunidos em organizações não governamentais ou representando grandes centros –, unidos a universidades e prefeituras, constitui um vetor essencial para criar e estabelecer um modelo de saúde viável para a região.

Continua após a publicidade

Também é possível desenvolver ações de capacitação de pessoas em todos os níveis do ecossistema – de agentes comunitários a enfermeiros e médicos locais – e promover o conhecimento científico. Nós, da ONG Zoé, por exemplo, apostamos na força dessa parceria e estamos aplicando isso para levar saúde especializada – a expertise de cada médico e profissional de saúde que participa de nossas expedições – para a população amazônica.

Nas duas primeiras incursões ali, atendemos as comunidades ribeirinhas do rio Tapajós, dos municípios de Belterra, Aveiro e parte de Santarém. Foram mais de 350 pessoas beneficiadas, com exames de ultrassonografia do abdômen e tratamento de varizes nas pernas.

Também fechamos parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) para uso do barco-hospital Abaré, e com a prefeitura de Belterra (PA), para viabilizar, na terceira expedição agora em dezembro, o funcionamento do centro cirúrgico do hospital local, além de fazer operações para correção de hérnias, exames de ultrassonografias e endoscopia digestiva alta.

Continua após a publicidade

+ MAIS: Em meio à Covid-19, segue a busca por soluções contra doenças negligenciadas

São procedimentos que têm impacto positivo na saúde e na economia local, uma vez que o maior número de pacientes atendidos exerce trabalhos braçais e estaria impedido de realizá-los e manter sua renda sem o tratamento.

Ao identificar necessidades locais e oferecer soluções, ganhamos experiência para desenvolver um modelo de assistência à saúde que pode ser replicado em outras regiões da Amazônia. Para os médicos e demais profissionais acostumados a trabalhar em grandes centros repletos dos melhores recursos, atuar na Amazônia é um aprendizado que não se obtém em qualquer faculdade.

É resgatar o melhor lado da medicina: o relacionamento humano entre quem cuida e quem necessita do cuidado. É trabalhar muito e, mesmo assim, voltar com a real sensação de que se ganhou muito mais do que doou. Nós acreditamos que todas as pessoas têm em suas mãos o poder de impactar o mundo de modo positivo, seja com grandes ou pequenas ações.

Continua após a publicidade

* Marco Aurélio D’Assunção é médico endoscopista, fundador e presidente da ONG Zoé; Fabio Atuí é cirurgião do aparelho digestivo, fundador e membro da diretoria da ONG Zoé

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.