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Tricotilomania: o transtorno que faz a pessoa arrancar os próprios cabelos

Psiquiatra explica as origens, o diagnóstico e os possíveis tratamentos para esse transtorno que abala a autoestima

Por Alexandre Valverde, psiquiatra*
Atualizado em 29 jun 2023, 09h50 - Publicado em 22 jun 2023, 10h00

Uma onça-pintada, confinada em cativeiro, pode apresentar um comportamento de lamber as patas tão intenso que chega a produzir regiões despeladas, semelhantes às que encontramos em humanos que apresentam um transtorno de arrancar cabelos.

Este quadro é conhecido pela palavra trava-línguas tricotilomania, derivada dos vocábulos gregos thrix (pelo/cabelo), tillien (arrancar) e mania (loucura).

Comportamentos como lamber pelos, morder unhas, desgastar bicos são observados em vários animais e fazem parte dos hábitos de autocuidado, necessários para limpeza e renovação dessas estruturas.

Nos seres humanos não é diferente. Também precisamos cuidar da pele e seus anexos. Porém, este comportamento pode se tornar exagerado e trazer prejuízos, de ordem estética e social. Nesse caso, são classificados como um transtorno psiquiátrico.

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Tricotilomania é doença?

Apesar de ser uma conduta repetitiva, o ato de arrancar cabelos não é entendido como transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), pois não tem o componente do pensamento intrusivo.

Também não se encaixa completamente na definição de um transtorno de controle de impulsos (TCI), devido a ausência de experiência de tensão anterior ao ato.

A tricotilomania faz parte de outra categoria, chamada de transtornos de autocuidados com foco no corpo.

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Este grupo engloba a dermatotilexomania (arrancar pedacinhos de pele, casquinhas de ferida, saliências da pele) e onicofagia grave (roer as unhas) e acomete de 1 a 2% da população, com uma proporção de seis mulheres para cada homem.

Na tricotilomania observamos o hábito de retirar fios de pelos ou cabelos de qualquer parte do corpo, mas principalmente da cabeça, resultando em falhas que a pessoa precisa esconder com perucas, bonés e lenços.

Diagnóstico e classificação

É preciso descartar se o hábito não se deve a outros problemas de saúde. Há uma doença autoimune na infância gerada após uma infecção por bactérias estreptococos que produz tricotilomania.

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O transtorno dismórfico corporal também pode ser pano de fundo para o comportamento de arrancar os cabelos, sobrancelhas e cílios.

+ Leia também: Transtorno dismórfico corporal: o desencontro entre o que se vê e se sente

O ato de arrancar os cabelos pode ser dividido em duas categorias.

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Na maioria das vezes, é automático, em que a pessoa percebe o que está fazendo só depois de ter retirado uma quantidade importante, geralmente desencadeado por um estado afetivo negativo. Ou ainda como uma atividade sedentária ou contemplativa.

Entretanto, um quarto das pessoas com tricotilomania o fazem de maneira concentrada, consciente. Usando, por exemplo, pinça para executar a ação com precisão.

Por vezes, outros comportamentos nervosos como chupar dedo, morder as bochechas e lábios, arrancar cutícula, roer as unhas, ocorrem de maneira concomitante.

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Tratamento da tricotilomania

Como todo sofrimento psiquiátrico, a tricotilomania tem origens múltiplas, de ordem genética, social e psicológica. O tratamento também deve levar em conta essa complexidade.

A abordagem medicamentosa pode ser feita com antidepressivos, estabilizadores da impulsividade, neurolépticos e n-acetilcisteína, mas nem sempre é bem-sucedida.

É importante que os remédios sejam associados à psicoterapia e ao treinamento de reversão de hábito, que combina técnicas para ajudar a pessoa a desenvolver estratégias de monitoramento e autocontrole.

Cuidados com alimentação, hidratação, atividade física e boa qualidade de sono são básicos e fundamentais para tratarmos de qualquer problema psiquiátrico e seguem valendo para a tricotilomania.

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* Alexandre Valverde é psiquiatra, mestre em em Filosofia Contemporânea, autor do livro Ruptura, Solidão e Desordem – Ensaio sobre Fenomenologia do Delírio (FAP-Unifesp), além disso, apresenta o podcast “Fractais”, que trata de temas ligados às neurodivergências.

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