Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Imagem Blog

Com a Palavra Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Sobrecarga mental ajuda a explicar por que mulheres adoecem mais

Depressão e ansiedade são mais comuns no sexo feminino. Psicóloga comenta como uma rotina extenuante contribui para essa realidade

Por Ana Carolina Nucci, psicóloga*
2 abr 2023, 09h35

“Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às seis horas da manhã…”

Muito provavelmente você já ouviu “Cotidiano”, música do álbum “Construção”, de Chico Buarque, de 1971.

Nessa época, ocorria a ascensão da segunda onda feminista – mas podemos reconhecer alguns trechos que reforçam a submissão da mulher.

Aqui, cabe salientar que não faço uma crítica ao Chico, mas, sim, uma análise da canção.

+ Leia também: Saúde mental das mulheres merece atenção redobrada

Continua após a publicidade

Apesar de a mulher da música demonstrar ser ativa, na verdade, ela é constantemente submetida a exercer seu papel social como passiva às ações do homem.

Além de ser a pessoa que orquestra os horários do marido, o trecho “e me beija com a boca de hortelã” dá a entender que ela ainda acorda bela, de dentes escovados e já com tudo preparado para cuidar bem de seu homem e da casa.

Lá se vão 52 anos desde o lançamento da música, mas essa ideia da mulher que toma à frente ativamente da rotina familiar e acaba ocupando um papel de submissão ao patriarcado acontece em pleno século 21.

E isso cobra um preço da saúde delas.

Continua após a publicidade

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as mulheres são duas vezes mais propensas ao diagnóstico de depressão do que os homens.

Além disso, 7,7% da população feminina é diagnosticada com transtorno de ansiedade. Entre eles, o índice é de 3,6%.

Mas por que as mulheres são as mais afetadas?

Além de questões ambientais, genéticas e hormonais, um dos principais fatores responsáveis por essa realidade tem a ver com os diversos papéis sociais desempenhados e atribuídos às mulheres.

Ora, elas trabalham fora de casa, encaram as tarefas domésticas e cuidam dos filhos. É um teste de resistência diário – e vivido pela maioria.

Continua após a publicidade

Você, leitora, já parou para calcular quantas horas leva para desempenhar as funções domésticas e acaba esquecendo de cuidar de si mesma?

A diferença entre os gêneros fica ainda mais evidente quando olhamos para casais separados e que têm filhos.

Nível de exigência é alto

Além disso, existem diversas regras sociais que ditam o que é ser mulher. O resultado disso é que muitas se cobram o tempo todo para alcançar um padrão exigido – seja na maternidade, no trabalho, no padrão estético ou nas relações sociais. Com isso, há uma carga mental sempre presente.

Não à toa, a chamada “síndrome do (da) impostor(a)” também acomete mais mulheres do que homens.

Continua após a publicidade

Embora esse fenômeno não seja considerado uma síndrome oficialmente nos manuais de saúde, ele traz à tona a questão da insegurança feminina no universo do trabalho.

Uma pesquisa feita pela empresa HP mostra bem essa realidade: ela indica que a maioria das funcionárias da empresa só se candidataria a uma vaga se preenchesse 100% dos pré-requisitos. Entre os homens, ter apenas 60% das competências já seria o bastante para concorrer à posição.

Compartilhe essa matéria via:

Tentar ser 100% em todos os papéis é uma tarefa e tanto! E as mulheres se cobram assim, de forma excessiva.

Continua após a publicidade

Mas é crucial elas entenderem que essa é uma meta que não precisa (nem deve) ser alcançada.

Os afazeres domésticos e tantos outros trabalhos do dia a dia devem ser compartilhados e divididos de maneira justa para que não haja adoecimento psíquico.

A psicoterapia pode ajudar no autoconhecimento e na desconstrução de papéis impostos socialmente. Não espere para buscar ajuda.

* Ana Carolina Nucci é psicóloga, idealizadora da comunidade Psicologar e organizadora do livro Mulheres no Cinema: Uma Análise do Feminino (Editora APMC)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.