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Réveillon em tempos de pandemia e quarentena

Psicóloga reflete sobre os impactos da Covid-19 nas comemorações de fim de ano e na demarcação de um novo ciclo na vida das pessoas e famílias

Por Nádia Wulf, psicóloga*
31 dez 2020, 11h34

A ideia de engajar as pessoas em um momento de reflexão sobre o ciclo que se encerra e para o novo momento que se inicia tem sua força na palavra réveillon. Ela vem do verbo francês réveiller e significa “acordar” ou “reanimar”. Assim, o réveillon metaforicamente nos convida ao despertar do novo ano.

Essa passagem, vista como uma chance de recomeçar, é geralmente festejada e brindada na virada do ano, um período de alegria e união. É tempo de promessas, diversão, celebração, expectativas e rituais, simbolizados na canção: “Adeus ano velho, feliz ano novo…”. Entre espetáculos de fogos de artifício por Londres, Sidney, Nova York e Rio de Janeiro, reencontramos superstições e renovamos nossas esperanças.

Mas a virada de 2020 para 2021 virá num misto de insegurança e fé, nos obrigando a repensar promessas a serem feitas, mantidas ou restabelecidas.

Até poucos meses atrás, a celebração de fim de ano parecia despontar com otimismo para as festas em família e amigos, ainda que com todos os cuidados exigidos pela pandemia. Porém, com o aumento nas taxas de infecção pela Covid-19 e as discussões no âmbito público e privado, tivemos de reajustar e cancelar alguns planos para o Ano-Novo.

Diante dos sinais de alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS), teremos à frente a decisão de não ter ou restringir reuniões e celebrações familiares nestes tempos. E, em tais circunstâncias, torna-se inevitável aumentar o nível de tolerância para aguentar a pressão e as cobranças que a pandemia tem provocado. É natural surgir uma mistura de insegurança, reatividade e necessidade de autoproteção.

É comum perceber que muitas pessoas se fragilizam e adoecem nas proximidades das datas comemorativas de fim de ano. Da mesma forma, vemos muitos pacientes buscarem tratamento psicoterápico exatamente por não suportarem a pressão, interna e externa, que aponta forçosamente para a conquista da felicidade, do sucesso e das realizações.

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A virada do ano ainda será particularmente difícil para aqueles que estão lidando com conflitos familiares, perda, rompimento, divórcio, solidão e problemas de saúde física e mental.

Para um bom número de pessoas, o final de ano será marcado pela frustração em diversas metas estabelecidas. Geralmente, é nesse momento que fazemos uma revisão de como foram os doze meses anteriores e, quando ficam marcados os insucessos e as dificuldades (na vida pessoal, profissional ou relacional), vêm a sensação de fardo pesado, o impacto no humor e, em alguns casos, a depressão.

O isolamento social, necessário com a pandemia, também está associado à depressão, especialmente no fim de ano. Pessoas que estão sozinhas ou têm sentimentos de desconexão muitas vezes evitam interações sociais nessa época, agravando as dificuldades já existentes. No contexto atual, sintomas não muito diferentes daqueles observados no estresse pós-traumático podem incidir à medida que a população se isola para evitar o contágio. Medo do vírus, frustração, tédio, perda financeira, estigma e desinformação são os fatores mais citados como causadores do estresse.

Manter os vínculos sociais, apesar da distância física, é fundamental. Ao usar a tecnologia para ficarmos conectados, devemos priorizar a manutenção de conexões mais profundas e significativas com os outros.

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Para muitas pessoas, a época de fim de ano será uma lembrança dolorosa do que um dia já foi. Isso é especialmente verdade para quem teve uma perda significativa e sente um vazio. E, se apesar dos esforços, você se sentir deprimido, ansioso, irritado ou com sintomas como dificuldade para dormir e aperto no peito, é preciso procurar ajuda especializada.

Diante de cenários controversos, é possível pensar em algumas ações humanitárias que reflitam sentimentos de otimismo em um ano marcado pelo impacto de um vírus. Isso tudo nos faz refletir sobre as lições que virão após a Covid-19 e a perspectiva de um salto quântico para uma nova realidade global.

Por isso, com sensibilidade e resiliência, podemos manter um propósito que seguirá para o próximo ano e nos auxiliará a preservar a saúde psicológica. Devemos pensar na própria vida e ter clareza do caminho que percorremos, onde estamos e para onde vamos.

Esse planejamento é a chave para reconstruir a ideia do novo normal e seguir com esperança nos novos tempos. A vida é um bem extremamente precioso, que precisa ser cuidadosamente planejada em busca de sonhos, objetivos, desejos e novas perspectivas. Essa é a maneira de construir alavancas de sustentação emocional para o momento presente.

E os efeitos psíquicos negativos, principalmente aqueles associados à pandemia, devem ser trabalhados e elaborados na medida em que a pessoa “desperta e se reanima” simbolicamente para o fechamento do ano e o início de um novo ciclo.

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* Nádia Terezinha Zimmermann Wulf é psicóloga, especialista em psicologia clínica e educação, e atua em Joinville (SC)

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