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Por que as diarreias são mais comuns no verão

Médico explica as origens das diarreias infecciosas e o que pode ser feito para preveni-las em todas as fases da vida

Por Wilton Schmidt Cardozo, coloproctologista*
20 fev 2021, 13h04
montagem com massinha de uma privada com flores em cima
Diarreias podem levar a desidratação e desnutrição. Fique esperto! (Ilustração: Marcus Penna/SAÚDE é Vital)
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Por acaso você teve diarreia neste verão? Saiba que não está sozinho. Infelizmente, na estação mais quente do ano são bastante comuns episódios de diarreia. Isso porque a alta temperatura favorece a proliferação de micro-organismos, o que pode ser potencializado por deficientes condições sanitárias.

A diarreia aguda caracteriza-se pelo aumento do número de evacuações (mais de três vezes por dia) e/ou alteração na consistência das fezes, geralmente não mais que 14 dias. A do tipo infecciosa pode ser causada por vírus, bactérias ou parasitas.

Nas crianças, principalmente até os 2 anos, a infecção por rotavírus é a principal causa de gastroenterite. Os adultos também podem apresentar diarreia devido a esse vírus, mas com menos frequência e os sintomas costumam ser mais leves.

Má qualidade da água da rede pública, tratamento inadequado de esgoto, falta de cuidado com a higiene, dificuldade de acesso a água potável e desnutrição são alguns fatores responsáveis pela elevada incidência da diarreia aguda infecciosa no país.

O contágio geralmente ocorre pela via fecal-oral. Ou seja, os patógenos são transmitidos pela ingestão de água, alimentos e objetos contaminados, de pessoa para pessoa (por mãos contaminadas) e de animais para pessoas. A manipulação de alimentos, assim como insetos (moscas, formigas e baratas), também pode contaminar as refeições. No caso da infecção viral, a transmissão ainda pode acontecer por secreções respiratórias.

A diarreia infecciosa está frequentemente associada a sintomas como náuseas, vômitos, cólicas, sensação de estufamento, gases e febre. Além disso, podem aparecer sangue, muco e pus nas fezes.

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Para se chegar ao diagnóstico, é fundamental que o médico identifique detalhadamente o início da diarreia e a correlacione ao histórico alimentar. Existem certas pistas que nos orientam sobre a origem da diarreia infecciosa: período de incubação, viagens recentes, prevalência de certas infecções em algumas regiões, ingestão de alimentos não habituais etc.

Deverão ser investigadas ainda as características das fezes, tais como número de evacuações, cor, aspecto, volume, frequência, presença de sangue, muco, dor abdominal ou alimentos mal digeridos. Em algumas situações, podemos solicitar exames laboratoriais, exame de fezes e/ou endoscópicos para se chegar à causa do problema.

Na pandemia de Covid-19, convém lembrar que pessoas infectadas pelo coronavírus podem apresentar diarreia. Só que, nesses casos, o desconforto abdominal costuma aparecer associado a tosse, febre, diminuição ou perda de apetite e olfato, náusea, vômito, falta de ar e/ou dor de garganta e de cabeça.

Quando procurar o médico

A diarreia infecciosa pode ter desde evoluções autolimitadas, isto é, a infecção tende a ser resolvida pelo próprio organismo, com duração curta entre 24 e 48 horas, geralmente com cólicas abdominais leves, até situações de extrema gravidade, que podem levar rapidamente à morte por desidratação e desequilíbrio de eletrólitos. Crianças com menos de 2 anos e idosos são os mais vulneráveis nesse sentido.

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A recomendação é procurar assistência médica quando a diarreia for persistente e estiver acompanhada de náuseas e vômitos, em situações de desidratação grave, febre persistente, confusão mental ou suspeita de infecção por Covid-19.

Nos demais casos, é importante beber bastante água, fazer pequenas refeições ao dia – à base de alimentos como maçã, banana, carnes magras (peixe e frango grelhados), arroz, batata cozida e mingau – e evitar comidas gordurosas e de difícil digestão.

Os principais objetivos do tratamento são a prevenção da desidratação e da desnutrição, por meio de ingestão de líquidos, dieta adequada, correção de eletrólitos e uso de medicamentos antimicrobianos. Os probióticos, como lactobacilos, podem ser úteis, ajudando a reduzir o tempo da doença.

É importante ressaltar que a vacina contra o rotavírus em bebês promoveu uma grande queda nas internações e mortes causadas por esse vírus. Então é essencial imunizar as crianças!

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A prevenção da diarreia

Existe uma série de medidas que ajudam a evitar diarreias infecciosas. Listo as principais a seguir:

  • Lave as mãos diversas vezes ao dia, principalmente quando chegar da rua e antes das refeições. Use água e sabão
  • Evite manusear alimentos de forma indevida
  • Cheque periodicamente se a caixa d’água de sua casa está limpa
  • Beba água mineral de boa procedência ou água tratada e filtrada. Na dúvida, ferva.
  • Não frequente praias impróprias para banho, pois o contato com a água contaminada deixa a população vulnerável a bactérias
  • Ao tomar qualquer bebida em lata, não coloque a latinha diretamente na boca sem tê-la lavado antes
  • Higienize corretamente as frutas, verduras e legumes crus
  • Evite consumir frutos do mar ou maionese sem uma adequada refrigeração ou procedência suspeita
  • Não tome medicamentos por conta própria. Procure um médico primeiro.

* Wilton Schmidt Cardozo é médico e membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia

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