PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

O amálgama, usado na restauração de dentes, é tóxico para o organismo?

Boatos de intoxicação e elo com doenças devem ser interpretados com cautela, afirma colunista

Por Camillo Anauate Netto, cirurgião-dentista*
4 set 2024, 15h18
ilustração de dente com dor
Restaurações de cáries podem ser feitas com diversos materiais (Ilustração: Pedro Hamdan/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

A cárie é, sem dúvida, um dos maiores inimigos da saúde bucal. A doença danifica o dente causando pequenos buracos no esmalte e na dentina, tecido que forma o “recheio” do dente.

Seu tratamento consiste, basicamente, no cuidado do tecido cariado e na restauração desta cavidade, que é feita com resina nos dentes anteriores (da frente), e resina ou amálgama para os dentes posteriores (de trás).

Por uma questão estética e de evolução dos materiais odontológicos, hoje a maioria das restaurações são feitas com resina. Porém o amálgama ainda é usado, principalmente no setor público, e garante boa eficácia e longevidade das restaurações de dentes cariados.

Partimos do princípio que esse material é eficaz e seguro. Mas recentemente tem se propagado informações inverídicas sobre as restaurações de amálgama, dizendo que estas fazem mal à saúde do paciente e que deve ser retirada imediatamente, alegando haver risco de intoxicação por mercúrio, o que não é verdade.

+Leia também: Fake news colocam a saúde em risco – saiba como se blindar

Mas de fato, o que é o amálgama?

O amálgama, também chamado de amálgama de prata, é uma liga de mercúrio, prata e estanho, resistente e estável, que tem boa aplicabilidade nas restaurações dentárias. Para ter ideia, existem relatos da literatura de restaurações deste tipo que estão em uso há mais de 30 anos, em excelentes condições.

Continua após a publicidade

Na odontologia, de acordo com a literatura chinesa, o amálgama foi usado pela primeira vez no ano de 659. Já na história moderna, o material tem auxiliado os cirurgiões-dentistas em restaurações por mais de 200 anos.

As polêmicas sobre o amálgama não são novas

Esta não é a primeira vez que ele é o foco de uma “guerra”. No ano de 1845, o material enfrentou sua primeira batalha, quando a Sociedade Americana de Cirurgiões-Dentistas emitiu um alerta sobre os supostos perigos do amálgama, declarando todos os materiais utilizados em restaurações como tóxicos, exceto o ouro.

Este movimento desencadeou um embate entre os profissionais da época: os que defendiam o ouro e os que defendiam o amálgama. Tanto que o período ficou conhecido como “A guerra do amálgama”. Anos depois, em 1856, a Sociedade Americana de Cirurgiões-Dentistas foi dissolvida e a American Dental Association (ADA) foi criada, e esta já defendia o uso do material.

Durante muitos anos, o amálgama foi considerado o material padrão para restaurações. Antes dos anos 1970, quase 80% do total desses procedimentos eram com amálgama e muitos permaneceram na boca dessas pessoas por mais de 20 anos.

Continua após a publicidade

+Leia também: Flúor no abastecimento público de água não faz mal e previne cáries

Segurança do amálgama

O Grupo Brasileiro de Professores de Dentística (GBPD), que há mais de 50 anos representa os professores de dentística no Brasil, e a Asociación Latinoamericana de Operatoria Dental (ALODyB) y Biomateriales, se posicionam a favor do uso do amálgama de prata.

A posição é corroborada nos Estados Unidos pela American Dental Association (ADA) e pela Food and Drug Administration (FDA), que reafirmaram que o amálgama dentário libera baixíssimos níveis de vapor de mercúrio, sendo considerado um material seguro e durável.

Por mais que as resinas se aperfeiçoem a cada ano, no setor público em especial o uso do amálgama ainda é uma opção, por conta de sua eficácia, em condições adversas de equipamentos e do meio bucal, e pelo do custo deste material.

Continua após a publicidade

Há muitos grupos que acreditam no fim imediato do amálgama, e realmente seu uso está mais restrito, porém o material ainda tem indicação em algumas situações.

Clique aqui para entrar em nosso canal no WhatsApp

Preciso remover minhas restauração com amálgama?

Com a viralização de informações falsas sobre uma possível toxicidade do amálgama, houve preocupação por parte da população sobre a necessidade de remover este material do dente, o que não passa de informação errônea e não baseada em evidências.

Ainda assim, se o indivíduo quiser substituir a restauração de amálgama pela de resina, é importante que busque um profissional experiente, que vai explicar quais são as reais necessidades e realizar o procedimento de forma simples, segura e minimamente invasiva, evitando o desgaste maior do dente.

Continua após a publicidade

Além disso, vale ressaltar que a classe odontológico, no geral, está mais preocupada em informar e educar a população sobre a prevenção das cáries e outras doenças bucais, por meio da correta higiene bucal e de consultas regulares com o cirurgião-dentista.

*Camillo Anauate Netto é cirurgião-dentista especialista mestre e doutor em Dentística Restauradora e membro da Câmara Técnica de Dentística do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.