A campanha Maio Amarelo surgiu devido à necessidade de chamar a atenção da sociedade para os altos índices de acidentes de trânsito e suas vítimas, geralmente com sequelas para o resto de suas vidas, quando não mortas prematuramente. Este ano, seu lema é “Respeito e responsabilidade: pratique no trânsito” e toca em uma ferida urgente.
Somente em 2020, segundo números do Corpo de Bombeiros, foram atendidas 72 555 ocorrências de acidentes com vítimas no estado de São Paulo — nessa conta entram 997 óbitos e mais de 79 mil vítimas com alguma lesão. São cifras assustadoras.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) estima que cerca de 1,3 milhão de pessoas percam a vida anualmente em tragédias do tipo e entre 20 e 50 milhões sofram lesões pelo mundo. Acidentes de trânsito representam a terceira causa de morte no Brasil.
Essas situações provocam prejuízos econômicos consideráveis aos acidentados, suas famílias e aos países como um todo. Isso passa pela reabilitação do doente e investigação do episódio e, claro, pela redução da produtividade. Os acidentes custam, somando todas essas despesas, ao redor de 3% do produto interno bruto (PIB) de muitas nações.
Na pandemia de Covid-19, vimos uma intensificação no trabalho de entregas dos motoboys e é importante destacar que os motociclistas são as principais vítimas dos acidentes. Cerca de 70% dos registros, e aqueles com maiores índices de lesões graves, envolvem pessoas trafegando sobre duas rodas.
Sabemos também que as principais causas de acidentes, a despeito do tipo de veículo, têm origem humana. Falta de atenção (hoje principalmente devido ao uso de celular), ingestão de bebida alcoólica, uso de drogas ilícitas, excesso de velocidade, ultrapassagens proibidas e desobediência à sinalização são as principais causas relatadas.
Na eventualidade de um acidente, felizmente contamos com profissionais e medidas capazes de salvar vidas e ajudar na recuperação das vítimas. A fisioterapia é um recurso fundamental nesse sentido. Muitos acidentes resultam em intervenções expressivas, como cirurgias, e o fisioterapeuta pode atuar durante todo o processo de internação e meses ou anos após a alta hospitalar.
O principal problema desencadeado pelos acidentes são os traumas, que podem variar em complexidade. Há desde os neurológicos até os ortopédicos, sem contar repercussões em outros sistemas do corpo e decorrentes de períodos prolongados de internação e restrição ao leito. O acompanhamento fisioterápico pode identificar e remediar as necessidades, assim como trabalhar o paciente para evitar a perda das funcionalidades.
No tratamento, podemos empregar várias técnicas, equipamentos e exercícios a fim de minimizar a dor e a inflamação e intensificar a reabilitação. Dentro da nossa área conseguimos atuar na cicatrização das lesões, na redução dos encurtamentos e aderências musculares nos membros afetados, no aumento da força muscular, na melhora da amplitude dos movimentos, na postura, no equilíbrio e na marcha, nas dificuldades respiratórias e na prevenção de escaras devido à internação.
Quanto antes iniciamos a fisioterapia, melhor é a evolução do paciente e mais rápida sua recuperação. O ideal, porém, é evitar qualquer tipo de complicação provocada por um acidente de trânsito. Portanto, ao dirigir seu carro ou moto por aí, mantenha a atenção e os cuidados. Não beba, não use o celular enquanto dirige, observe a sinalização… Respeite e seja responsável no trânsito!
* Márcio Renzo é fisioterapeuta e capitão do Corpo de Bombeiros de São Paulo