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HTLV-1, o vírus “primo” do HIV que ninguém conhece, mas é comum e perigoso

Especialistas explicam tudo sobre esse agente infeccioso, que segue como um ilustre desconhecido da maioria da população

Por Por Augusto Penalva e Rosa Marcusso*
Atualizado em 15 out 2019, 15h43 - Publicado em 30 nov 2018, 14h48

Todo mundo já ouviu falar do HIV, o vírus da aids. Mas, na verdade, o primeiro retrovírus humano causador de infecções e de câncer descrito é o HTLV-1 (ou Vírus T-Linfotrópico Humano do Tipo 1), no início da década de 1980. E não se engane: apesar de pouco conhecido, ele não é uma raridade e pode provocar problemas sérios.

Hoje, estima-se que de 10 a 20 milhões de pessoas em todo o planeta estejam infectadas com o HTLV-1. Apesar da transmissão ocorrer em diversas partes do mundo, sua prevalência varia segundo a localização geográfica, fatores étnicos e raciais e grupos populacionais mais expostos aos fatores de risco, como observado na Bahia. No Brasil, estima-se que 800 mil indivíduos carregam o vírus.

As principais formas de transmissão são: aleitamento materno, relação sexual desprotegida com pessoa infectada e contato com sangue infectado. Parecido com o HIV, não? Aliás, no Brasil, a detecção do HTLV-1 foi introduzida nos bancos de sangue a partir de 1993.

É importante destacar que a maioria dos pacientes permanece sem manifestar sintomas. No entanto, alguns indivíduos podem apresentar uma doença inflamatória, a HAM/TSP (sigla para Paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-1) ou um tipo de leucemia chamada de ATL (leucemia/linfoma de células T). Essas doenças acometem de 1 a 5% dos portadores do vírus.

A HAM/TSP é uma enfermidade crônica em que há comprometimento da medula espinhal, usualmente de início lento e progressivo. Os sintomas principais são alteração de força e dor nas pernas, retenção urinária e constipação intestinal. A doença afeta mais mulheres do que homens, geralmente entre os 40 e 50 anos de idade.

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Apesar dos esforços em pesquisa, os fatores que favorecem o surgimento desse problema nos portadores do vírus ainda não são conhecidos. O mesmo acontece com a ATL, um tipo de câncer que muitas vezes pode matar.

Não há tratamento curativo para o HTLV-1. Os médicos recorrem apenas a terapias para controlar da inflamação medular, utilizada para amenizar os sintomas da HAM/TSP, especialmente entre os pacientes em estágio inicial, quando a inflamação é mais proeminente.

O mesmo também vale para as intervenções da ATL, de impacto usualmente ainda mais modesto. Por isso é de fundamental importância a prevenção da infecção pelo HTLV-1.

Conhecimento é chave para o controle do HTLV-1

Infelizmente, a disseminação desse vírus em diversas regiões do nosso país e do mundo não foi suficiente para a Organização Mundial da Saúde incluir o HTLV-1 na lista de doenças negligenciadas. Dessa forma, joga-se menos atenção para o tema. E a falta de conhecimento sobre ele dificulta o diagnóstico da infecção e a prevenção da transmissão do vírus.

Assim, é essencial disseminarmos informações sobre este agente infeccioso e ampliarmos o controle das formas de disseminação. Por exemplo: poderíamos fazer a triagem do vírus durante o pré-natal, o que ainda não está disponível de forma universal na rede pública de saúde.

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Até por isso a Associação Internacional de Retrovirologia e vários grupos de pesquisadores, em parceria com ONGs de portadores do vírus, organizaram pela primeira vez, no último dia 10 de novembro, o Dia Mundial de Combate ao HTLV. Tratou-se de um evento mundial com o intuito de informar sobre esse vírus. Embora a campanha tenha acabado, pedimos a todos, inclusive você, que fiquem atentos a esse inimigo da saúde.

*Augusto Penalva é neurologista e coordenador do Grupo de Neurociências do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. Rosa Marcusso é matemática e gerente executiva do mesmo grupo. 

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