Inverno: Revista em casa a partir de 10,99
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

Hipospádia: por dentro da condição que pode causar micropênis

O problema congênito é uma das malformações mais comuns entre os homens, mas pode passar despercebido até impactar a vida adulta

Por Ubirajara Barroso, urologista*
20 Maio 2025, 09h56
hipospadia-micropenis
Condição genética que afeta formato do pênis pode passar despercebida até a idade adulta (nito100/Getty Images)
Continua após publicidade

Paulo (nome fictício) tinha 27 anos e era portador de uma hipospádia leve, não corrigida na infância. Tinha um relacionamento sério com uma parceira fazia 7 anos, que jamais havia comentado sobre sua aparência genital.

Porém, o relacionamento de ambos acabou e Paulo foi em busca de novas experiências. Uma parceira, no momento da relação sexual comentou que seu genital era muito estranho e que ele deveria procurar um urologista.

Esse comentário destruiu a autoconfiança de Paulo, que passou a colocar preservativo e a apagar a luz para esconder da parceira seu pênis sempre que tinha relações sexuais. Esse é um caso verídico de um homem que nasceu com hipospádia leve. As hipospádias mais graves trazem consequências mais severas que vão além dos problemas estéticos.

A hipospádia é uma condição congênita que afeta o sistema reprodutivo masculino, caracterizada por uma anormalidade na localização da uretra, o canal que transporta a urina e o sêmen ao meio externo.

Ao invés de se abrir na ponta do pênis, a uretra se abre em uma posição anormal, que pode variar desde a ponta do pênis, na glande, até a base do órgão, na região do escroto ou até mesmo no períneo.

As causas exatas da hipospádia ainda não são totalmente compreendidas, mas diversos fatores têm sido associados à sua ocorrência. Questões genéticas podem desempenhar um papel, uma vez que a condição pode ocorrer mais frequentemente em algumas famílias. Além disso, fatores ambientais também já foram investigados, como a exposição a certos hormônios ou produtos químicos durante a gravidez.

Continua após a publicidade

A hipospádia ocorre mais frequentemente em crianças provindas de reprodução assistida.

A hipospádia é uma das malformações congênitas mais comuns do sistema urinário. Estima-se que a prevalência varie de 1 em 200 a 1 em cada 300 nascimentos masculinos.

Quais são as consequências da hipospádia?

A condição pode se manifestar em diversos graus de severidade, influenciando de maneira significativa a vida do paciente. As repercussões variam conforme a gravidade da condição e a localização do meato uretral (abertura da uretra). A uretra localizada numa posição mais baixa pode levar a um jato de xixi espalhado ou para baixo, fazendo com que seja necessário urinar sentado.

Nos quadros mais graves, o líquido ejaculado não atinge o canal vaginal, levando à infertilidade. Além disso, a forma diferente do pênis pode levar o homem a ter inibição na relação sexual, com problema na autopercepção, autoconfiança e na autoimagem.

Continua após a publicidade

Além disso, em cerca de 25% das hipospádias há curvatura do pênis, que pode ser importante o suficiente a ponto de impedir a penetração. Uma associação frequente com a hipospádia é a ausência de testículos no escroto, o que pode contribuir para infertilidade no futuro.

+Leia também: Testículos: o manual do proprietário

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da hipospádia geralmente é realizado logo após o nascimento, durante o exame físico do recém-nascido. O profissional de saúde avaliará a posição do meato uretral, além de observar outras características do órgão genital. Geralmente há um excesso de pelo genital no dorso do órgão, formando um capuz e escassez de pele ao redor da uretra.

O tratamento geralmente envolve cirurgia, que é mais eficaz quando realizada em um período entre 6 meses e 18 meses de idade. O procedimento cirúrgico pode incluir diversas técnicas, dependendo da localização do meato e da gravidade da condição. A cirurgia consta do reposicionamento da uretra no topo do pênis, do melhoramento estético genital e da correção da curvatura peniana.

Hipospádias mais graves podem ser tratadas com cirurgias em duas etapas. Na primeira, forma-se o falo e corrige-se a curvatura e na segunda refaz-se a uretra. A taxa de complicações varia de 5 a 50%, a depender da intensidade da condição e da experiência do cirurgião. A fístula (vazamento de urina pela pele) e o estreitamento da uretra são as complicações mais comumente encontradas.

Continua após a publicidade

Em resumo, a hipospádia, apesar de trazer preocupações, pode ser gerida de forma eficaz com o acompanhamento adequado e intervenção cirúrgica.

O conhecimento sobre suas causas, consequências e opções de tratamento é fundamental para os pais e cuidadores, garantindo que a criança tenha acesso ao cuidado necessário e uma qualidade de vida adequada.

A cirurgia tem bom índice de sucesso, podendo ser realizada em regime de hospital dia, na maioria das vezes.

*Ubirajara Barroso é professor adjunto de urologia da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, chefe da divisão de cirurgia urológica reconstrutora e urologia pediátrica do Hospital da Universidade Federal da Bahia, chefe do departamento de cirurgia afirmativa de gênero e estética genital da Sociedade Brasileira de Urologia.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês*
OFERTA DE INVERNO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.