Recentemente, veículos de imprensa ao redor do mundo divulgaram uma declaração da celebridade americana Kourtney Kardashian a respeito do seu tratamento para engravidar. Conhecida internacionalmente, a influencer tem três filhos do primeiro relacionamento e, aos 42 anos, está tentando engravidar do seu novo parceiro.
Segundo os meios de comunicação, ela compartilhou algumas dificuldades no tratamento com fertilização in vitro (FIV) e chegou a dizer o seguinte: “A medicação que eles estão me dando me colocou na menopausa… Literalmente na menopausa”.
É indiscutível que um tratamento para engravidar não costuma ser simples e vem acompanhado de muita ansiedade e expectativa. Mas é necessário ter cuidado com esse tipo de informação e as conclusões que podem ser tiradas dela.
Primeiro porque o relato da celebridade não traz detalhes do seu tratamento e das medicações que ela estaria usando. Segundo porque a FIV não leva à menopausa.
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O primeiro conceito que é necessário ter em mente é que a mulher nasce com sua reserva de óvulos estabelecida, cerca de 2 milhões de unidades. Mas, ao longo da vida, eles são naturalmente perdidos. Quando a mulher tem um ciclo menstrual, muitos óvulos são recrutados para apenas um de fato ovular e os outros são extintos.
O que acontece, num estímulo para FIV, é que, em vez de apenas um óvulo se desenvolver para a ovulação, outros também são estimulados e, assim, alguns que iriam ser naturalmente perdidos naquele ciclo menstrual são aproveitados para a fertilização.
Portanto, não ocorre aceleramento da perda natural dos óvulos nem uma indução à menopausa.
Também é necessário esclarecer que existem alguns tipos de medicações usadas para o estímulo dos ovários com o intuito de preparo para a coleta de óvulos e a FIV, assim como medicamentos que deixam o útero no estado ideal para receber os embriões formados.
Alguns fármacos promovem um bloqueio dos hormônios, entre eles o estrogênio, que é produzido pelos ovários e cuja falta provoca sintomas típicos da menopausa, como ondas de calor e secura vaginal. Porém, o bloqueio dos hormônios e suas repercussões são algo reversível.
Vale esclarecer que essas medicações também podem ser empregadas como tratamento coadjuvante de endometriose e miomas e não são indicadas a toda mulher que faz FIV. Mesmo quando prescritas, não são utilizadas por tempo prolongado.
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Cada mulher é única e os tratamentos devem ser sempre individualizados. Por isso, é importante ter cuidado com algumas informações que circulam por aí, derrubar os mitos e esclarecer os fatos. Na dúvida, sobretudo se você faz um tratamento para engravidar, consulte um especialista, que levará em conta as suas particularidades.
* Flávia Torelli é ginecologista e especialista em reprodução assistida, médica assistente da Huntington Medicina Reprodutiva e do Hospital da Mulher da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)