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A estratégia que pode ajudar a tratar o câncer infantil

Medicina de precisão leva a condutas mais específicas, como o uso de medicamentos alvo após uma análise detalhada do DNA tumoral

Por Carolina Vince, oncopediatra do Itaci*
Atualizado em 4 ago 2024, 10h36 - Publicado em 4 ago 2024, 08h00
neuroblastoma-cancer-infantil
Pouco mais de 10 jovens a cada 1 milhão são diagnosticados com neuroblastoma, uma doença rara. (National Cancer Institute/Unspl/Reprodução)
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Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que quase oito mil novos casos de câncer infantojuvenil devem ocorrer no triênio de 2023 a 2025, por ano, no Brasil. A detecção precoce e o tratamento adequado em centros especializados, podem levar as chances de cura na casa dos 85%.

O que difere a doença nos mais novos dos casos que ocorrem em adultos é sua imprevisibilidade. Isso significa que o foco não é a prevenção, mas sim o diagnóstico precoce e preciso. Porém, para um grupo específico de indivíduos que têm condições genéticas que predispõem ao câncer, intervenções prematuras fazem toda a diferença.

É aí que entra a medicina de precisão, que permite fazer uma avaliação ampla do paciente, utilizando como base a análise detalhada do DNA.

+ Leia também: Câncer infantil: “Desigualdades diminuem chances de cura e sobrevida”

Por que estudar a população pediátrica?

O câncer infantojuvenil apresenta características genéticas singulares, distintas da doença em adultos. Com a análise molecular tumoral, pode-se identificar mutações que levam a um diagnóstico mais preciso, além de direcionar melhor tratamentos mais específicos e eficazes.

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A pesquisa Tratamento guiado com precisão em cânceres pediátricos de alto risco, publicada ano passado na revista científica Nature aponta que a medicina de precisão pode encontrar novas estratégias terapêuticas para os pacientes pediátricos.

Nesse estudo, 384 pacientes com tumores de alto risco foram acompanhados por 18 meses após o tratamento; 256 receberam recomendações guiadas a partir de sequenciamento genético e tiveram melhores taxas de sobrevida, quando comparados a paciente que receberam a abordagem padrão ou terapia-alvo não norteada por avaliação molecular.

Aqui, no Brasil, existem iniciativas que visam incorporar a medicina de precisão na prática clínica do oncologista pediátrico. Um bom exemplo é o projeto Identificação de Mutações de Predisposição ao Câncer Infantojuvenil, idealizado pelo Comitê de Medicina de Precisão da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope), do qual o Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci) participa.

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O objetivo do trabalho é implementar um painel de avaliação molecular para identificar alterações gênicas de predisposição ao câncer pediátrico, trazendo para pacientes e suas famílias a oportunidade de reconhecer uma condição que requer intervenções e manejo detalhados.

É importante discutirmos a medicina de precisão como um caminho possível e necessário em nosso país para atingirmos taxas de sobrevida equivalentes a países de alta renda. A incorporação de algumas tecnologias, como esta, é crucial.

*Carolina Vince é oncopediatra do Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci) e membro do Comitê de Medicina de Precisão da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope).

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