A ejaculação feminina sempre foi alvo de controvérsias na sociedade… e no mundo científico. Os estudos mais recentes comprovam sua existência, porém indicam que somente em torno de 2% das mulheres vão apresentá-la. Estamos falando da emissão de quantidade variável de líquido durante a fase mais avançada da excitação no sexo ou junto ao orgasmo.
Veja: nem a composição desse líquido está bem definida. Evidências de análise bioquímica e acompanhamento com ultrassom da presença ou não de urina na bexiga, antes e depois do evento, apontam que algumas mulheres podem eliminar xixi no momento do orgasmo.
Já outros experimentos encontraram resquícios de líquido prostático nessa emissão. Conclusão: algumas mulheres podem ter resquícios de glândulas prostáticas, de onde sairia, também, parte desse fluido ou mesmo todo ele.
Também não há uma uniformidade nas definições. Pode-se considerar como ejaculação feminina a liberação de um fluido escasso, espesso e esbranquiçado. Outra situação é a ejaculação feminina conhecida como “squirting”, em que há liberação de grande quantidade de líquido.
Como as investigações são feitas avaliando o comportamento de um número reduzido de mulheres selecionadas, grupos de profissionais questionam os métodos de pesquisa. Alguns seguem declarando não haver prova real da ejaculação feminina.
Existindo ou não, a ejaculação feminina é mais um elemento da ainda não totalmente esclarecida resposta sexual feminina. Cada mulher é única e cada andamento de relação sexual pode ter um desfecho onde satisfação e orgasmo nem sempre coexistem.
Fato certo é que o orgasmo da mulher é algo sensorial, captado e vivenciado no cérebro. Ele depende de um estímulo adequado, que se aplique em lugar e de forma adequada, ou pode, raramente, ser desencadeado até mesmo por pensamentos e fantasias.
Além disso, sabemos que não há somente um tipo de orgasmo. As reações físicas que acompanham o orgasmo são variáveis e podem ter traços inéditos ou inclusive duvidosos, como a ejaculação feminina.
O desafio é desapegar de tantas “novidades” que são inseridas na sexualidade feminina. Ou nós conheceremos mais o nosso corpo ou estaremos condenadas a sair por aí procurando por pontos nebulosos que surgem a cada dia (ponto G, A, Z) e buscando treinamentos para ejacular, como se isso fosse nos fazer mais mulher ou trazer mais prazer. Não vai.
O desafio é dominar a si mesma, conhecendo o próprio corpo e seus desejos. Transponha limites íntimos aonde nenhum ponto é necessário para demarcar território.
Enquanto a ejaculação feminina é motivo de especulações, vamos seguir com foco na satisfação. Investir na qualidade da parceria e na entrega é o melhor caminho para o orgasmo dos sonhos, com ou sem ejaculação, mas sem abrir mão da emoção.
*Cristiane Schneckenberg é ginecologista e autora do livro Um Espelho Para Vênus (clique para comprar)