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É preciso garantir uma rotina segura para quem tem doença celíaca

Idealizador do Movimento Celíacos do Brasil fala sobre os desafios enfrentados por quem convive com a condição – de crianças a adultos

Por Eduardo Vidal, empresário*
16 Maio 2023, 10h11
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  • Com uma rotina agitada, eu e minha esposa costumávamos comer fora de casa todos os dias. Tudo mudou quando ela foi diagnosticada com a doença celíaca – quadro que demanda uma restrição em relação ao glúten.

    É que o contato com essa proteína pode disparar sintomas como barriga estufada, gases, diarreia, etc. Em longo prazo, podem ocorrer lesões no intestino, perda de peso, osteoporose e até câncer.

    O médico brincou: “Amigo, se separe”. Na hora, fiquei confuso. Mas não demorou para entender o quão difícil é a vida de uma pessoa celíaca.

    Afinal, o glúten está presente em cereais como o trigo, o centeio, a cevada e o malte. Em resumo, ele se encontra em uma infinidade de alimentos.

    O choque de realidade aconteceu na primeira visita ao supermercado. Além de encontrar poucos produtos adequados, os preços eram absurdos. Como é possível um único pão francês custar R$ 5?

    + LEIA TAMBÉM: O que é a doença celíaca: dos sintomas ao tratamento

    E comer fora de casa não era mais uma opção viável. Não tinha local apropriado!

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    Aos poucos, entendi o cruel conselho do médico, mas encarei essa mudança de vida como um sinal.

    A partir daquele momento, senti que precisava fazer algo para construir um futuro diferente.

    Ora, e se meus filhos ou netos fossem diagnosticados com essa doença dali alguns anos e a situação continuasse a mesma? Não podia ficar de braços cruzados.

    Durante uma viagem à Itália, percebi o quão avançados eles estavam na inclusão de pessoas celíacas. Para ter ideia, pequenas cidades italianas ofereciam mais opções seguras de alimentos do que São Paulo.

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    + LEIA TAMBÉM: Doença celíaca: será que você tem?

    E se em São Paulo havia essa dificuldade, imagine em cidades menores! Então, retornei determinado a pensar em alguma iniciativa em meu país.

    Pesquisei sobre projetos de lei e as ações do governo em relação à comunidade celíaca, mas não encontrei absolutamente nada.
    Minha esposa levou 36 anos para receber o diagnóstico. Como isso é possível?

    Daí criei o Movimento Celíacos do Brasil. O objetivo é dar voz às pessoas celíacas junto ao governo e exigir ações que promovam a inclusão desse grupo na sociedade.

    Buscamos levar informações sobre alergias alimentares para as escolas, por exemplo.

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    Queremos que as crianças celíacas possam frequentar esse ambiente com segurança, sem preocupação em ter contato com tintas, massinhas de modelar e outros itens diários. Pois é: o glúten não está só no pão e na massa.

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    Queremos garantir também que elas tenham uma alimentação segura e que os professores estejam cientes de que esses meninos e essas meninas não podem comer o mesmo que os colegas – nem mesmo um pouco, pois a reação ao glúten não depende de quantidade.

    Nosso sonho é que essas crianças sejam convidadas para festinhas de amigos, mesmo que precisem levar seus próprios doces.

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    Queremos que as pessoas de baixa renda que convivem com a doença recebam apoio do governo para se alimentarem de forma segura e saudável.

    + LEIA TAMBÉM: Faz sentido cortar o glúten para ajudar no tratamento do autismo?

    Queremos que o diagnóstico seja rápido e realizado no início da vida.

    Desejamos que as pessoas celíacas tenham acesso às mesmas oportunidades que todos os outros, sem exceção.

    Não podemos aceitar que alguém passe o resto da vida entrando em contato com empresas para saber sobre a composição dos produtos, já que nem sempre os rótulos são claros.

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    Maio é o mês mundial de conscientização sobre a doença celíaca. Vários locais pelo mundo são iluminados de verde para divulgar essa condição.

    Neste ano, o Movimento Celíacos do Brasil convidou o Shopping Light, o Centro Cultural FIESP, o Cristo Redentor e a Usina de Itaipu para representarem o Brasil nessa ação. Esses locais serão iluminados de verde.

    Mas queremos mais, muito mais.

    *Eduardo Vidal é empresário e idealizador do Movimento Celíacos do Brasil

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