Dor e inchaço nas articulações? Pode ser artrite psoriásica
Essa doença inflamatória pode ser confundida com outros quadros, atrasando o diagnóstico em até cinco anos. Até lá, o paciente não consegue se tratar
Você já imaginou viver com uma doença inflamatória crônica por cerca de cinco anos antes de receber o diagnóstico correto?
Esse costuma ser o início da jornada da maioria dos pacientes com artrite psoriásica – e alguns fatores podem colaborar para essa situação.
Um deles é que normalmente os primeiros sintomas são confundidos com os de outras doenças.
A artrite psoriásica é uma doença inflamatória crônica que causa dor e inchaço das articulações das mãos, punhos, joelhos, tornozelos, pés e até da coluna. Dor na sola do pé (fascite plantar) e tendinite no calcanhar e nos cotovelos também são comuns.
Outro fator que pode contribuir para o atraso no diagnóstico e, consequentemente, para o início do tratamento adequado é a demora em encontrar o especialista correto – ou uma indicação por parte dos médicos que atendem o paciente.
Muita gente não sabe, mas o profissional indicado para lidar com a artrite psoriásica é o reumatologista. É ele quem vai saber diagnosticar e indicar o tratamento adequado ao paciente para preservar a sua qualidade de vida.
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Artrite psoriásica e psoríase: qual a relação?
A artrite psoriásica está associada à doença de pele chamada psoríase, caracterizada por placas vermelhas e descamativas no corpo e alterações nas unhas.
Dados mostram que cerca de um a cada três pacientes com a psoríase apresentará a artrite psoriásica ao longo da vida.
Isso mostra não só a importância de descobrir e tratar adequadamente essas doenças, como também de se adotar uma abordagem multidisciplinar e um olhar integral para o paciente com psoríase e artrite.
A artrite psoriásica é uma doença imunomediada, o que quer dizer que o sistema imunológico começa a achar que as proteínas de células de diferentes partes do corpo são estranhas. Por esse motivo, envia células de defesa para atacá-las.
Isso gera inflamação, destrói estruturas e causa diferentes sintomas nos pacientes.
A condição é considerada sistêmica, o que significa que afeta todo o corpo, ao invés de apenas um órgão ou região, e causa efeitos variados.
Daí porque ela também é associada a comorbidades, como obesidade, hipertensão, diabetes, infarto e até mesmo ansiedade e depressão.
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Quais as causas por trás da artrite psoriásica?
Elas ainda não são totalmente compreendidas, mas podem estar associadas a fatores genéticos, obesidade e alterações na microbiota intestinal.
Sabe-se que ela atinge milhares de pessoas em todo o mundo, em sua maioria indivíduos jovens, com idade entre 20 e 50 anos, em plena fase produtiva da vida.
O problema é que, se não tratada corretamente, a doença acaba contribuindo para a redução da produtividade no trabalho, resultando em faltas frequentes e prejuízos financeiros.
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Como é o tratamento
A artrite psoriásica não tem cura, mas há tratamentos que aliviam os sintomas e devolvem a qualidade de vida para o paciente.
O manejo envolve principalmente o uso de medicamentos que controlam a dor e inflamação nas articulações, como os anti-inflamatórios e alguns imunossupressores.
Entre o que há de mais inovador no tratamento da artrite psoriásica estão os imunobiológicos, que atuam em alvos específicos envolvidos no processo inflamatório, amenizando – e, em alguns casos, até mesmo eliminando – os sinais e sintomas da doença.
Esses medicamentos são produzidos por meio de processos biotecnológicos.
Os avanços da ciência mostram que é possível tornar a jornada do paciente menos desafiadora.
Hoje, temos medicações com rápida resposta clínica, remissão sustentada em longo prazo e posologia cômoda, com maior intervalo entre as doses.
Agora que você já sabe de tudo isso, vale ficar atento aos sinais da doença e procurar um reumatologista caso algum deles apareça.
Quando a artrite psoriásica é confirmada, é fundamental que o paciente converse com o seu médico sobre os próximos passos e todos os cuidados necessários.
O tratamento adequado – somado a hábitos de vida saudáveis – é capaz de aliviar os sintomas e criar condições para que o paciente conquiste a sua qualidade de vida de volta, sem dor.
*Murillo Dório é reumatologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, do Núcleo Avançado de Reumatologia do Hospital Sírio-Libanês e da Imuno Brasil.