Uma doença silenciosa, que pode apresentar sintomas somente nas fases mais avançadas. A progressão é sorrateira e faz com que o rim perca todas as suas funções, levando o paciente a um quadro de coma. Assim é a doença renal crônica (DRC), uma enfermidade que já afeta uma em cada dez pessoas no mundo e, segundo perspectivas assustadoras, deve se tornar a quinta principal causa de morte até 2040.
Tanto que nos últimos três anos, a BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, um dos principais hubs de saúde de excelência do país, registrou mais de 7 mil diagnósticos relacionados a problemas renais, uma média de quase 2 500 ao ano. O dado reforça a importância de se falar sobre o tema, especialmente quando verificamos que nove em cada 10 adultos com essa doença não sabem do diagnóstico.
Não à toa, no Dia Mundial do Rim – data que foi criada em 2006 pela International Society of Nephrology (ISN) – o tema da campanha é “Saúde dos rins para todos: educando sobre a saúde renal”.
No Brasil, a organização da empreitada fica a cargo da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e tem o objetivo de alertar a população sobre os riscos da doença e a importância da prevenção e de um estilo de vida mais saudável, além de estimular os profissionais da saúde que atuam na atenção primária a aprimorarem o conhecimento e as práticas de enfrentamento da doença.
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A doença renal crônica em detalhes
Em resumo, ela é caracterizada pela perda da capacidade dos rins em exercerem suas funções – como filtrar e eliminar substâncias nocivas, produzidas como resíduos durante o funcionamento do organismo. Os rins ainda são responsáveis por eliminar o excesso de água e realizar o controle ácido-básico, essenciais para que as reações químicas ocorram normalmente no corpo.
Quando o órgão para de funcionar, precisa ser substituído por meio de um transplante. Na impossibilidade de se realizar o procedimento, o indivíduo muitas vezes necessita de máquinas que façam a função do órgão de maneira parcial – assim como na hemodiálise ou na diálise peritoneal.
Estamos falando de uma doença que ainda não tem cura. No entanto, quando ela é descoberta cedo, torna-se possível retardar a sua progressão. Para o diagnóstico precoce, é fundamental realizar exames periódicos. Não espere por sintomas. É que eles demoram a se manifestar – geralmente, isso acontece quando o órgão já está de 85 a 90% comprometido.
Pequenos sinais de alerta até podem ser percebidos no dia a dia, como dores lombares e ao urinar, pressão alta, inchaços pelo corpo e urina com espuma ou com presença de sangue. Tudo isso precisa ser investigado por um nefrologista. Reforço: a melhor estratégia para o controle da doença renal crônica é a prevenção.
Vale ressaltar que ela tem forte relação com outras doenças crônicas, como diabetes, hipertensão arterial sistêmica e obesidade. Então, seu controle também se baseia no tratamento adequado desses quadros.
O paciente que sofre com essa enfermidade apresenta ainda risco elevado de doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral/encefálico. Quando diagnosticada, o nefrologista fará o controle com medicamentos e ajustes na dieta do paciente.
Diante da complexidade e importância de se falar muito sobre esse tema, uma pergunta se faz pertinente: e você, já fez seus exames neste ano?
*Tereza Bellincanta Fakhouri, nefrologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo