Descubra os 6 pilares essenciais para aliviar a dor de forma eficaz
Especialista ensina os tratamentos mais eficazes para diferentes tipos de dor

Já brincou com aquele jogo feito de peças de madeira encaixadas que formam uma torre alta? Cada jogador tira uma peça por vez sem deixar a torre desmoronar. Os pilares do tratamento da dor são como a base de madeira desse jogo, sólida e estruturada para garantir a estabilidade e sustentação da torre, mesmo que algumas peças se movam.
De tempos em tempos, somos desafiados a reorganizar e redistribuir os pilares, como no jogo.
Durante o processo da dor, várias áreas da vida podem se abalar ou até desmoronar, mas se a base está sólida, conseguimos com facilidade nos reestruturar. Isso é normal e faz parte da nossa existência.
Muitas vezes a dor vem para nos avisar de que algo está desalinhado e precisa de atenção e cuidados. Com isso em mente, proponho estabilizar a base do seu tratamento com 6 pilares:
1. Movimento
2. Saúde mental
3. Medicação
4. Nutrição
5. Rede de apoio
6. Comunicação
Para te ajudar a estruturar um bom tratamento da dor, veja o que cada pilar pode fazer.
Movimento
O corpo foi feito para se mover. A atividade física regular, adaptada à realidade de cada pessoa, ajuda a reduzir a dor, melhorar a função e recuperar a confiança no próprio corpo.
Ficar parado é a pior coisa que você pode fazer para sua dor crônica. O movimento deve garantir a funcionalidade e independência para fazer aquilo que é fundamental no seu dia a dia.
A atividade deve ser gentil, gradual e evolutiva, trazendo segurança e conforto antes, durante e depois. Não se esqueça que, mesmo sentado ou deitado, você pode se movimentar.
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Saúde mental
A dor é uma sensação desagradável física e emocional. Veja bem, a dor é sempre física e mental, as duas coisas juntas. Ela afeta — e é afetada — pelo estado emocional.
Tratar ansiedade, depressão, traumas e estresse é essencial para quebrar o ciclo da dor e promover bem-estar. Se você não está dando conta sozinho, busque ajuda especializada e cuide do seu emocional, isso irá te ajudar com todo o resto. Pode acreditar no que eu estou dizendo.
Medicação
O uso indiscriminado de remédios é muito prejudicial para a saúde e a automedicação faz um estrago imenso na saúde das pessoas em geral.
Porém, os medicamentos têm um papel importante, principalmente no início do tratamento ou em momentos de crise, e o médico especialista em dor é o mais indicado para avaliar e indicar a medicação adequada.
Não tenha medo de tomar remédio, a medicação é um pilar importante que ajuda a organizar seu corpo. O uso racional, com acompanhamento profissional, ajuda a equilibrar riscos e benefícios.
Nutrição
A alimentação influencia tudo no nosso organismo: os processos inflamatórios, o humor, a energia, a imunidade, a absorção de medicamentos e até a própria percepção da dor.
Comer bem é parte fundamental da recuperação e da prevenção de recaídas. Invista em alimentos naturais, minimamente processados e nutritivos, elimine os ultraprocessados e evite açúcares e frituras.
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Rede de apoio
Ter com quem contar faz diferença no gerenciamento da dor. Familiares, amigos, profissionais e grupos de apoio oferecem acolhimento, escuta e motivação nos dias mais difíceis.
Mas pense grande, porque a rede de apoio pode ir muito além do que você acabou de ler acima. O porteiro do prédio, a pessoa que sempre encontra na padaria, os colegas de ginástica, a faxineira e pessoas que você encontra no dia a dia, também podem te trazer alegria, conforto e afeto.
Comunicação
A comunicação eficaz é o melhor caminho na vida, mas entre pacientes e profissionais de saúde ela é essencial. A comunicação permite que os pacientes expressem suas experiências de dor, preocupações e expectativas, facilitando a elaboração de planos de tratamento personalizados.
Além disso, a comunicação aberta fortalece a relação terapêutica e promove melhores resultados clínicos.
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O bom tratamento da dor crônica é multimodal, composto por várias modalidades e levando em consideração o relato do paciente, seus sintomas, exame físico e análises clínicas nos aspectos biopsicossociais.
Uma vez estabelecido qual tipo de dor ele tem, como o paciente está biologicamente (com exames de sangue, imagem etc.), emocionalmente (ansiedade, depressão etc.) e socialmente (financeiramente, ocupação, idade etc.) pode-se propor um plano de tratamento onde os 6 pilares estejam presentes.
Essa é uma abordagem integrativa de cuidado e deve ser lapidada de acordo com as necessidades e possibilidades de cada paciente. Não adianta, por exemplo, sugerir uma intervenção terapêutica que não cabe na vida da pessoa. Conversem e cheguem a um consenso sem abrir mão da qualidade da comunicação e do tratamento.
*Mariana Schamas é cinesiologista, pós-graduada em Dor, professora da Universidade de São Paulo (USP) e Coordenadora do Programa LibertaDor.