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Desafios e eficácia da cirurgia de redesignação sexual para pessoas trans

O procedimento não é uma intervenção estética, mas sim uma indicação médica para reduzir o sofrimento e melhorar a qualidade de vida das pessoas

Por Thiago Caetano, urologista e cirurgião de redesignação sexual e afirmação de gênero*
28 jun 2024, 10h17
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Bandeira rosa, azul e branca representa comunidade transgênero (freepik/Reprodução)
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No contexto do Mês do Orgulho LGBTQIAPN+, é crucial abordar um tema de extrema importância para a comunidade transgênero: a cirurgia de redesignação sexual.

Este procedimento complexo tem o objetivo não apenas de alinhar o corpo à identidade de gênero das pessoas trans, mas também de melhorar significativamente sua qualidade de vida.

A disforia de gênero, um desconforto profundo e persistente com a genitália atribuída ao nascimento, é a principal indicação para a cirurgia. No Brasil, antes de qualquer intervenção, é exigido um acompanhamento mínimo de um ano por uma equipe multiprofissional, que inclui psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas, urologistas, entre outros especialistas.

Este período é necessário para avaliar tanto a saúde física quanto mental do paciente, garantindo que esteja em condições ideais para a operação.

É fundamental destacar que não se trata de um procedimento estético, mas sim uma intervenção médica destinada a reduzir o sofrimento associado à disforia de gênero.

Também vale dizer que o procedimento não é obrigatório. Uma pessoa transgênero pode viver bem com o seu corpo, sem grandes modificações. A principal indicação é para quem apresenta sofrimento relacionado à genitália. A melhora de qualidade de vida e funcionalidade após a cirurgia é notável nestes casos.

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+ Leia também: Preconceito contra LGBTQIA+ ainda é problema na saúde

Tipos de cirurgia de redesignação sexual

Existem dois tipos principais de intervenção: a feminizante e a masculinizante. A primeira transforma uma genitália originalmente masculina em feminina, enquanto a segunda realiza o processo inverso.

Cada procedimento exige uma avaliação cuidadosa da condição de saúde do paciente, variando desde exames básicos até investigações mais detalhadas, dependendo das necessidades individuais.

Os benefícios do processo bem indicado são indiscutíveis, mas é importante estar ciente das possíveis complicações pós-operatórias. O acompanhamento pós-cirúrgico é essencial, geralmente estendendo-se por pelo menos seis meses, para monitorar e tratar quaisquer problemas que possam surgir.

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+ Leia também: Falta diversidade na saúde

Letramento LGBTQIAPN+

A inclusão e o respeito à diversidade também se estendem ao ambiente hospitalar através do conceito de letramento LGBTQIAPN+. Este processo educativo visa sensibilizar profissionais de saúde sobre as necessidades específicas desta comunidade, promovendo um atendimento mais empático e eficaz.

No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, iniciativas como grupos de afinidade para colaboradores e pacientes são parte integrante do Programa de Diversidade, Equidade e Inclusão desde 2023. Estes grupos não apenas oferecem apoio mútuo, mas também promovem um ambiente seguro e acolhedor.

Um aspecto crucial é o uso adequado de pronomes e a adequação de formulários e documentos para refletir a diversidade de gênero e orientação sexual. Essas medidas são fundamentais para garantir que todos se sintam reconhecidos e respeitados em ambientes de saúde.

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Por fim, a cirurgia de redesignação sexual representa não apenas um avanço médico, mas também um passo crucial na jornada de muitas pessoas transgênero. Promover o acesso equitativo a esses procedimentos e combater estigmas são passos essenciais para garantir saúde, bem-estar e inclusão para todos.

*Thiago Caetano, urologista e cirurgião de redesignação sexual e afirmação de gênero do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

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