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Dengue x desigualdade social: um combate que exige equidade

Diferentes razões fazem com que pessoas mais pobres também sejam mais afetadas por dengue (e outras infecções também)

Por Thiago Crucciti, diretor executivo nacional da ONG Visão Mundial Brasil*
23 fev 2024, 11h54

De janeiro a fevereiro, o Brasil já registrou mais de meio milhão de casos de dengue, um aumento significativo em relação ao mesmo período do ano anterior. Entretanto, a batalha contra essa infecção não é travada apenas contra um mosquito, mas também contra as desigualdades sociais profundamente enraizadas em nossa sociedade.

A relação entre a incidência da dengue e as desigualdades sociais e econômicas é inegável, e afeta os mais vulneráveis de forma mais aguda. Tanto que as regiões mais desiguais do Brasil enfrentam uma incidência maior da doença. Isso não é mera coincidência.

Em muitos casos, essas áreas são caracterizadas por infraestrutura precária, falta de saneamento básico adequado e acesso limitado aos serviços de saúde. Ainda é comum ver e viver em locais com esgoto a céu aberto, por exemplo.

+ Leia também: Borra de café não elimina mosquito da dengue

Onde há desigualdade, há também uma concentração de condições propícias para a proliferação do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, além de chikungunya e Zika.

O fenômeno El Niño de 2023 também alavanca o problema, pois se soma aos efeitos do aquecimento global e das alterações climáticas, criando um ambiente favorável para a propagação da doença.

Isso porque a elevação das temperaturas e os padrões de precipitação irregulares proporcionam um habitat ideal para a reprodução do mosquito, ampliando assim o alcance dessas enfermidades.

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Relação entre a incidência da dengue e as desigualdades sociais e econômicas é inegável (Foto: Cristine Rochol/PMPA/Divulgação)

Um estudo realizado pela AdaptaBrasil revelou que as mudanças climáticas podem resultar não apenas em um aumento da dengue, como também de outras doenças, a exemplo de malária e leishmaniose visceral.

O prognóstico é alarmante, principalmente porque não podemos dissociar a luta contra a desigualdade social do racismo ambiental. Enquanto persistirem as disparidades socioeconômicas em nosso país, a porcentagem de pessoas em situação de maior vulnerabilidade social, econômica e ambiental sempre será a mais impactada.

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+ Leia também: Ivermectina não cura dengue nem ameniza sintomas da doença

A pandemia de Covid-19 foi um exemplo real. Em estudo do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, um grupo da PUC-Rio, no Brasil 55% dos pretos e pardos morreram mais por essa infecção do que os brancos (38%). A pesquisa também concluiu que pessoas sem escolaridade tiveram taxas de morte três vezes superiores (71,3%) às com nível superior (22,5%).

É crucial abordar as raízes que contribuem para a propagação da dengue, portanto. Isso envolve políticas que visam incluir camadas marginalizadas da sociedade para que tenham acesso à educação, emprego digno, moradia adequada e saneamento básico.

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Investir em programas de conscientização e educação sobre prevenção da dengue também é essencial, garantindo que as comunidades estejam informadas e capacitadas para tomar medidas preventivas em suas próprias casas e comunidades.

+ Leia também: Dengue: prevenção e proteção são as palavras-chave

A dengue não é apenas um problema de saúde pública, mas também tem sérias consequências econômicas. O custo irreparável com a perda de vidas se soma às cifras vinculadas ao tratamento da doença e às perdas de produtividade devido ao afastamento do trabalho – o que, aliás, compromete a subsistência das famílias e sobrecarrega o sistema de saúde como um todo.

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É essencial que haja uma abordagem integrada e coordenada entre os diversos setores da sociedade, incluindo o governo, o setor privado, as organizações da população civil e a comunidade em geral.

Somente por meio de esforços conjuntos e medidas abrangentes que incluam políticas públicas inclusivas é que poderemos verdadeiramente enfrentar o desafio da dengue e garantir um futuro mais saudável e equitativo para todos os brasileiros.

*Thiago Crucciti é diretor executivo nacional da ONG Visão Mundial Brasil, uma organização humanitária que atua no Brasil há mais de 40 anos.

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