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Como garantir a radioterapia a todos em dez anos?

Com a maior expectativa de vida da população, doenças como câncer se tornarão ainda mais frequentes. Precisamos pensar em acesso a tratamentos

Por Marcus Simões Castilho e Arthur Accioly Rosa, radio-oncologistas*
Atualizado em 10 nov 2021, 11h06 - Publicado em 10 nov 2021, 10h50
radioterapia para o câncer
Com o envelhecimento da população, cada vez mais gente vai precisar de acesso a equipamento de radioterapia. (Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)
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O que precisa ser feito no Brasil para que todos os pacientes com diagnóstico de câncer e indicação clínica para fazer radioterapia tenham acesso ao tratamento em dez anos? Essa pergunta mobilizou uma equipe de médicos radioterapeutas e físicos-médicos na busca por soluções, que foram listadas em um relatório.

Anualmente, cerca de 5 mil brasileiros morrem pela falta de acesso à radioterapia. Isso é reflexo de muitos fatores, entre eles a má distribuição dos serviços entre as regiões do país. Para ter ideia, enquanto em São Paulo a distância média percorrida para o tratamento é de 33 km, um morador de Roraima, que não conta com esse serviço, viaja, em média, 1 605,5 km para ser tratado.

Mais do que falar sobre gargalos, o propósito do relatório RT2030 foi estabelecer um diagnóstico técnico, mensurando os desafios para o acesso integral e de qualidade para a população.

Por exemplo: o setor vem sofrendo com um subfinanciamento crônico nas últimas décadas, piorado (e muito) pela questão cambial. Os equipamentos são todos importados e de alto custo – portanto, muito sensíveis ao aumento do dólar nos últimos anos. No SUS, hoje, o reembolso médio não cobre metade do custo, o que faz com que o Brasil, mesmo com carência de equipamentos, conviva com 79 bunkers vazios (como são conhecidas as salas de radioterapia).

+ LEIA TAMBÉM: Radioterapia: entre passado e futuro

Essa realidade tem que mudar

A população brasileira está vivendo uma grande transformação etária e epidemiológica. Para 2021, são estimados 448 mil novos casos de câncer no país e, para 2030, cerca de 640 mil novos diagnósticos (excluídos os casos de câncer de pele não-melanoma).

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Com 52% de todos os pacientes oncológicos recebendo indicação de radioterapia em alguma fase do seu tratamento, calculamos, portanto, que ao menos 333 mil brasileiros precisarão de radioterapia em 2030.

A infraestrutura para esse tratamento é complexa e muito bem regulada por conta da radiação. Veja: um novo serviço de radioterapia precisa, em média, de 2,7 anos entre planejamento, construção, instalação e o licenciamento para cuidar do primeiro paciente.

Para 2030, projeta-se uma necessidade de 530 equipamentos para tratar a população, considerando os já operantes, os que precisam de substituição por obsolescência e as novas instalações.

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A distribuição desses serviços deve obedecer a critérios técnicos, dentro de uma estrutura hierarquizada de acesso, contemplando o perfil epidemiológico da região, além dos aspectos geográficos, econômicos e sociais.

O cenário ideal é ter um equipamento de radioterapia para cada grupo de 628 pacientes com indicação desse tratamento por ano, distribuídos de forma equilibrada entre o sistema público e a saúde suplementar. O problema está longe de ser falta de máquinas. Para alcançarmos o objetivo, é essencial um planejamento de longo prazo, pautado, principalmente, em sustentabilidade.

*Arthur Accioly Rosa é radio-oncologista, líder do projeto RT2030 e presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), gestão 2017-2020, e Marcus Simões Castilho é radio-oncologista e presidente da SBRT na gestão 2020-2023.

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