Grande parte dos avanços na saúde ao longo dos anos só foi possível graças às inovações tecnológicas aplicadas na área. Por décadas, essas novidades nasciam principalmente dentro de universidades e centros de pesquisa e desenvolvimento. Mais recentemente, porém, assistimos à ascensão das startups, criadas para resolver demandas urgentes de um mundo cada vez mais dinâmico.
As healthtechs, como passaram a ser chamadas, se espalharam pelo Brasil e vêm crescendo em volume, investimentos e soluções desenvolvidas para facilitar o acesso à saúde, não apenas em hospitais, centros cirúrgicos, laboratórios e farmácias, mas também nas nossas casas.
Diante da pandemia de Covid-19, a urgência em criar soluções de saúde e bem-estar para quem passou a ficar muito mais tempo em casa fez dos aplicativos dessa categoria uma tendência global. Quando falamos em apps voltados à saúde, logo vêm à cabeça aqueles que contam os passos, auxiliam a meditar ou emitem lembretes para tomar água ou remédios.
Além desses tipos, existem programas para coleta e monitoramento de dados dos pacientes, visando à análise e ao suporte médico, outros que apoiam a prática esportiva, reduzindo risco de lesão, e até os que tiram a medida do rosto para a confecção de novos óculos.
O último exemplo vem da startup brasileira Lenscope. Ela desenvolveu um sistema utilizando inteligência artificial que usa a câmera frontal do smartphone para tirar as medidas do rosto e facilitar a produção de novos óculos de grau. Participante da atual edição do Samsung Creative Startups, o programa nacional de aceleração de startups da Samsung, a Lenscope substitui a necessidade de ir fisicamente a uma ótica.
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Funciona assim: o sistema mapeia o contorno do rosto da pessoa, criando uma imagem em 3D capaz de informar o formato e tamanho do rosto. Com isso, o usuário pode experimentar virtualmente a armação que mais combina com seu rosto através dos filtros disponíveis na aplicação. Além disso, o programa calcula a distância entre os olhos, medida fundamental para a personalização dos óculos. Em seguida, é feito o upload da receita oftalmológica e os óculos chegam prontos na casa do usuário.
Essa tecnologia é uma importante solução para o momento atual. As pessoas têm utilizado mais os devices para finalidades de trabalho, estudo e entretenimento, situação que, somada à diminuição das consultas oftalmológicas por conta do distanciamento social, pode contribuir para o aumento dos casos de problemas oftalmológicos e uma piora nos quadros já existentes.
A Phelcom é outro exemplo de healthtech com foco em soluções oftalmológicas. Participante da 3º edição do Samsung Creative Startups, em 2019, a empresa criou um retinógrafo portátil que facilita o diagnóstico de doenças como catarata, retinopatia diabética, glaucoma, degeneração macular e toxoplasmose.
Para isso, foi desenvolvido um aparelho que deve ser acoplado ao smartphone para tirar uma foto em alta resolução do fundo do olho do paciente. A imagem vai direto para a nuvem, que é acessada pelo médico para apoio no diagnóstico.
A contribuição das healthtechs na democratização do acesso à saúde e na atuação dos profissionais da área é indiscutível. O indispensável conhecimento técnico e atendimento humanizado dos médicos, aliados ao uso dessas tecnologias e da inteligência artificial, são capazes de tornar os procedimentos mais simples, acessíveis e dinâmicos para todos os envolvidos, incluindo os pacientes nas redes pública e privada. Além, é claro, de facilitar a vida daquelas pessoas com rotinas aceleradas e pouco tempo disponível.
* Paulo Quirino é coordenador nacional do Programa Creative Startups na área de Pesquisa e Desenvolvimento da Samsung