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Como acabar de vez com as doenças negligenciadas?

A ciência já mostrou que há caminhos possíveis, mas todos dependem de um compromisso global

Por Sergio Sosa-Estani, médico e diretor para a América Latina da iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi)*
Atualizado em 9 abr 2025, 08h20 - Publicado em 9 abr 2025, 08h20
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Doenças negligenciadas são um problema de saúde pública global (Ilustração: Bárbara Dantas/Veja Saúde)
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Dengue, Chagas, leishmaniose… As doenças tropicais negligenciadas (DTNs) afetam, anualmente, mais de 1 milhão de pessoas e fazem mais de 200 mil vítimas fatais, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Elas formam um grupo de 21 enfermidades determinadas pela OMS que prevalecem principalmente em áreas de extrema pobreza. As DTNs recebem esse nome porque são ignoradas sobretudo pela indústria farmacêutica privada.

Por atingirem populações vulneráveis, não representam um mercado lucrativo e, assim, não despertam interesse de investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos tratamentos.

O termo “negligenciadas” não se refere apenas às doenças, mas também às pessoas que convivem com elas. Enquanto lidam com dores crônicas e outros sintomas, muitas delas ainda enfrentam o estigma social.

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Pacientes com doença de Chagas, por exemplo, convivem com as limitações de um coração atacado por um parasita. Já a leishmaniose cutânea pode causar lesões desfigurantes em adultos e crianças. Experiências concretas, no entanto, mostram que é possível mudar esse quadro.

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As soluções partem de estratégias que colocam as pessoas no centro da questão e envolvem a articulação de uma rede de cooperação, com a participação de institutos de pesquisa, órgãos governamentais, universidades e da própria indústria farmacêutica.

Usando essa estratégia de parcerias, a DNDi — sigla em inglês para a iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas — já desenvolveu, ao longo de duas décadas, 13 novos tratamentos para populações em situação de vulnerabilidade no mundo todo.

Esse ecossistema demanda que os governos garantam a implementação de políticas públicas inclusivas para controlar os vetores — a maioria das DTNs é transmitida por insetos como os mosquitos — e assegurar que diagnóstico e tratamento cheguem a quem mais precisa.

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No Brasil, instituições como a Fiocruz e o Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe) desempenham um papel fundamental ao suprirem a deficiência do setor privado na produção local de medicações.

Mas a iniciativa privada também tem papel relevante nessa história: a indústria é necessária para realizar pesquisas clínicas e implementar a cadeia de distribuição dos remédios a fim de atender as áreas mais remotas.

As próprias comunidades devem ser vistas como parte ativa da solução, não meramente como beneficiárias. Suas vozes são fundamentais na definição de prioridades e na identificação das barreiras que impedem o acesso e a adesão aos tratamentos.

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Controlar as doenças negligenciadas é essencial não só para melhorar a saúde dos cidadãos como também representa um instrumento de promoção de justiça social e de desenvolvimento econômico em algumas das regiões mais carentes do planeta.

A ciência já mostrou que caminhos para derrotar as DTNs, mas eles dependem de um compromisso global entre diversos atores e setores para implementá-los e, nessa direção, salvar vidas.

*Sergio Sosa-Estani é médico e diretor para a América Latina da iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), organização sem fins lucrativos criada em 2003 por Médicos sem Fronteiras, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), OMS e outras duas instituições globais de pesquisa.

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