A asma é uma doença respiratória que afeta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Estimativas apontam que, da população com esse problema crônico, entre 5% e 10% apresentam a forma mais grave, que causa falta de ar, inúmeras idas ao hospital e perda da qualidade de vida. Esse quadro severo também é marcado por episódios constantes de crises (as chamadas exacerbações), mesmo com o tratamento adequado, que inclui altas doses de corticoide inalatório e oral diariamente.
Vale ressaltar que o diagnóstico preciso é de extrema importância para distinguir uma asma tratada inadequadamente de outra realmente grave, que inclusive possui maior propensão de levar à morte.
Compete a nós, médicos envolvidos diariamente com o tema, fazer um diagnóstico preciso para chegarmos ao tratamento mais eficaz. Na outra ponta, o paciente deve entender e exercer, na prática, o papel de comprometimento com o tratamento que lhe cabe. Ou seja, ser fiel ao que lhe foi prescrito.
Isso porque é comum a interrupção dos medicamentos nos períodos sem sintomas. O raciocínio é simples. Como estou bem, não preciso me cuidar mais – pois é exatamente aí que mora o perigo.
Não podemos nos esquecer que o controle preventivo, que permite uma vida sem sustos e longe das perigosas exacerbações causadas pela asma, só é possível graças ao tratamento determinado pelo médico. E o uso dos remédios e de outras táticas requer disciplina e continuidade, mesmo durante os períodos em que a doença, teoricamente, não apresenta manifestações.
Essa prática deve ser adotada no ano inteiro – seja no frio, com as baixas temperaturas, ou no calor, quando o clima é mais seco.
É justamente quando a pessoa entra numa certa “zona de conforto” e deixa de tomar o medicamento por achar que está segura que surgem as crises e as internações, aumentando o risco de óbito. Ao falarmos sobre asma, ainda mais de sua forma grave, a adesão contínua e ininterrupta à terapia indicada é essencial.
Seguir essa estratégia aumenta a chance de uma rotina normal, diminui as idas emergenciais ao hospital e reduz possíveis complicações. Aliás, a versão grave da asma é responsável por mais de 50% do custo total dos investimentos em tratamento com essa enfermidade.
A boa notícia: recentemente, tivemos um avanço significativo com a chegada de terapias modernas que até devolver uma rotina normal de atividades ao paciente. A evolução no manejo da asma grave passou a contar com tecnologias seguras que auxiliam no controle da doença.
Um desses exemplos é o anticorpo monoclonal humanizado que pretende suprir uma necessidade não atendida, impactando positivamente na qualidade de vida do indivíduo. De acordo com os estudos clínicos, essa medicação pode diminuir em 50% o uso de corticoides orais e 60% o número de internações hospitalares e as visitas à emergência causadas pelas exacerbações.
Apesar dessas ferramentas, a adesão ao tratamento no Brasil ainda é ruim, porque não se tem a noção de que a asma pode matar. A pessoa melhora e deixa a terapia de lado.
Como já reforçamos, o indicado é seguir prolongadamente as indicações médicas para que o indivíduo tenha uma vida mais próxima do normal possível.
*Roberto Stirbulov, médico pneumologista, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.