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Cérebro antigo, mundo moderno

O cérebro que herdou a capacidade primitiva de encarar as coisas como boas ou ruins agora lida com novas complexidades, como a inteligência artificial

Por Bruno Coêlho, psiquiatra da infância e adolescência*
3 jun 2023, 12h06
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  • O ser humano adora simplificar. Isso não é à toa. Há milhares de anos, quando vagávamos pela savana africana, agir rápido significava viver ou morrer.

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    Naquele ambiente hostil, distinguir amigos de inimigos e plantas comestíveis das venenosas era fundamental.

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    Indivíduos que demoravam muito para diferenciar entre animais dóceis dos selvagens foram devorados, e não deixaram descendentes.

    Assim, a evolução nos deu um cérebro que categoriza coisas e situações e, rapidamente, decide se elas são boas ou ruins.

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    Esse modo de pensamento binário ocorre na parte mais primitiva do cérebro, responsável por reações como lutar ou fugir, de forma automática.

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    Não há tempo para elocubrações. Tudo em prol da sobrevivência.

    Esse tipo de pensamento traz uma sensação de conforto. O cérebro pega um atalho que faz a gente se sentir melhor e simplificar as coisas em categorias gerais.

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    Tudo fica restrito a dois lados – e você escolhe um. Conservador ou liberal, capitalista ou comunista, pró ou antiaborto, Garantido ou Caprichoso. E a lista continua…

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    Embora útil no passado, tal característica tem efeito colateral importante: tudo é simplificado em prol da velocidade de ação.

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    Entretanto, o mundo atual é complexo e cheio de nuances. Sendo assim, se engajar em pensamentos binários leva a erros com frequência.

    + LEIA TAMBÉM: ChatGPT na saúde: o que nos espera?

    Como não envolve o córtex cerebral (área moderna e responsável pelo raciocínio), não ocorre o adequado pensamento crítico, o que leva a ignorar ou não perceber áreas cinzentas de situações multifacetadas.

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    A complexidade da vida pode assustar. Incertezas causam ansiedade e, com medo, ativamos a parte antiga do cérebro, burlando o raciocínio crítico.

    Não é de admirar que, em tempos de crise (sejam sociais, políticas ou econômicas), as pessoas se agarrem à falácia do pensamento binário.

    É confortável pensar de forma absoluta (bem versus mal). Contudo, o mundo não funciona assim.

    E eis que, no admirável mundo novo, adicionamos mais complicações.

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    Nos últimos meses, inteligências artificiais ganharam as manchetes e estão suscitando reações diversas: medo em uns, euforia em outros.

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    Surfando nessa onda, resolvi perguntar ao ChatGPT como as inteligências artificiais poderiam afetar positiva e negativamente a saúde mental das pessoas.

    E, curiosamente, apesar da velocidade de resposta, o chatbot conseguiu sair do “tudo ou nada”.

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    Respondeu que inteligências artificiais tanto podem “afetar positiva quanto negativamente a saúde mental. Elas podem ser usadas para identificar e tratar doenças mentais, fornecer terapia e aconselhamento, melhorar o gerenciamento do estresse e aumentar a conscientização sobre a saúde mental. No entanto, também podem promover a polarização e a desinformação nas redes sociais, bem como aumentar a ansiedade em relação à substituição de empregos por robôs e automação.”

    Se a máquina consegue sair do pensamento dual, seria interessante que nós também saíssemos.

    É necessário avaliar com cuidado as múltiplas implicações dessa tecnologia e desenvolver estratégias para o melhor uso delas.

    A evolução tecnológica é um caminho sem volta. E tem sido assim há milhares de anos, desde a descoberta do fogo.

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