Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Imagem Blog

Com a Palavra Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Cardiomiopatia hipertrófica: por que a doença ainda é pouco diagnosticada?

Sem os devidos cuidados, quadro pode causar arritmias cardíacas fatais. Especialista fala sobre sintomas, diagnóstico e tratamento

Por Fabio Fernandes, cardiologista*
5 nov 2022, 13h37

Nas últimas semanas, muito se falou sobre a saúde cardiovascular. O dia 29 de setembro marcou o Dia Mundial do Coração, e vimos muitos alertas sobre o impacto de doenças como diabetes, hipertensão e obesidade, além de hábitos como o fumo, no aumento do risco de doenças cardíacas.

No entanto, além dessas doenças que afetam grande parte das pessoas, também é importante olhar para algumas doenças cardíacas subdiagnosticadas, mas que atingem muitos pacientes – entre elas estão uma série de cardiomiopatias.

As cardiomiopatias são doenças do músculo cardíaco caracterizadas por alterações na estrutura e função do coração, e podem ter causas genéticas ou adquiridas.

Entre elas está a cardiomiopatia hipertrófica. Atualmente, a doença tem grande índice de subdiagnóstico, afetando um a cada 500 pacientes, e pode ser uma das principais causas de morte súbita, principalmente em atletas de alta performance.

A cardiomiopatia hipertrófica é marcada por alterações na proteína contrátil do coração, o sarcômero, levando a um quadro de hipercontração e rigidez do músculo do coração, cuja consequência é a hipertrofia da parede do coração.

Em conjunto com o desenvolvimento da hipertrofia, também ocorre um aumento significativo da fibrose no músculo cardíaco. Essa fibrose (ou cicatrizes, como chamamos) pode ocasionar arritmias cardíacas fatais, especialmente durante exercícios de alto rendimento.

Continua após a publicidade

A hipertrofia do coração na cardiomiopatia hipertrófica se desenvolve, em geral, na adolescência e no início da idade adulta.

Compartilhe essa matéria via:

Histórico familiar faz diferença

Atualmente, pesquisadores já têm mapeadas mais de 1 400 mutações em 11 genes que podem ser associadas a quadros hereditários da cardiomiopatia hipertrófica, sendo que 70% das alterações são causadas no gene da β-miosina.

Dessa forma, a investigação do histórico familiar de descendentes ou ascendentes acaba sendo um passo importante para realizar o acompanhamento dos familiares.

Apesar do componente genético ser de grande relevância para a doença, só cerca de 50% dos casos estudados possuem essa ligação. Sendo assim, outros fatores que causam a doença ainda são desconhecidos pelos pesquisadores.

O diagnóstico

Identificar a cardiomiopatia hipertrófica ainda é um desafio para grande parte da população. Cerca de 90% dos pacientes seguem assintomáticos, descobrindo a doença apenas em uma consulta médica de rotina.

Continua após a publicidade

O restante costuma apresentar uma tríade de sintomas: dor precordial (semelhante à angina), insuficiência cardíaca e arritmias cardíacas.

Cerca de 70% dos pacientes com cardiomiopatia hipertrófica possuem uma forma denominada obstrutiva, o que ocasiona um sopro cardíaco. Então, muitas vezes, essa é uma pista diagnóstica realizada no exame físico. A presença de obstrução geralmente está associada a formas mais sintomáticas da doença.

+ Leia também: Dormir bem entra na lista das 8 recomendações para um coração saudável

Eletrocardiograma, ecocardiograma e ressonância do coração são fundamentais para confirmar o diagnóstico e estratificar o prognóstico.

Aliado a todos esses métodos, também é recomendada a análise genética da família, para identificar algum padrão hereditário da doença.

O tratamento

Após o diagnóstico, o paciente passa a ser acompanhado de perto por especialistas. O tratamento, em geral, é clínico, com remédios, como os betabloqueadores e os bloqueadores dos canais de cálcio.

Continua após a publicidade

Já nos casos sintomáticos que apresentam uma obstrução, a despeito do tratamento clínico otimizado, pode-se recorrer a cirurgias.

Não só faz parte da rotina como é muito importante avaliar o risco de morte súbita nesses pacientes. Afinal, em casos específicos, há a indicação de recorrer a um cardiodesfibrilador implantável – o aparelho detecta e trata as arritmias ventriculares fatais.

Uma das principais questões para quem tem a doença está relacionada à prática esportiva. Anteriormente, quando se confirmava o quadro, proibia-se toda e qualquer prática de esportes. Hoje, recomenda-se evitar esportes de alto impacto.

BUSCA DE MEDICAMENTOS Informações Legais

DISTRIBUÍDO POR

Consulte remédios com os melhores preços

Favor usar palavras com mais de dois caracteres
DISTRIBUÍDO POR

No entanto, já existem estudos pequenos nos quais se avalia a possibilidade de reabilitação funcional em determinadas frequências cardíacas.

Continua após a publicidade

A cardiomiopatia hipertrófica é uma doença heterogênea e imprevisível, sendo importante ressaltar que não há uma fórmula básica: cada paciente possui um limite de prática esportiva e, portanto, cada caso deve ser individualizado.

Antigamente, o diagnóstico de uma cardiomiopatia era considerado sombrio. Hoje, por outro lado, já existem diversas alternativas de tratamento e combate aos sintomas para dar qualidade de vida e longevidade ao paciente.

Além da terapêutica já utilizada atualmente, ainda há a perspectiva de novas drogas em aprovação pela Anvisa, que podem mudar o panorama para a forma obstrutiva da doença.

Por fim, é importante lembrar que diversas cardiomiopatias seguem com índices baixos de diagnóstico, e a consulta ao cardiologista é a melhor forma de tratar de forma correta e adequada cada quadro.

Assim, as cardiomiopatias ressurgem das trevas com perspectivas positivas ao horizonte clínico, diagnóstico e terapêutico.

Continua após a publicidade

*Fábio Fernandes é diretor do grupo de Miocardiopatias do Incor

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.